O bilionário sul-africano Elon Musk está investindo parte da fortuna que fez com a PayPal (líder em transferência eletrônica de pagamentos) na universalização da economia de baixo carbono. Sua Tesla Motors comercializou 70 mil carros elétricos desde 2008 e abriu mão da exclusividade sobre suas patentes para que outras indústrias automobilísticas possam desenvolver veículos que dispensem os combustíveis fósseis, barateando essa tecnologia. Ele também dirige a SolarCity, uma das líderes americanas da geração solar fotovoltaica. E, na semana passada, Musk deu mais um passo nessa seara ao anunciar um produto que almeja resolver um dos principais gargalos do mercado de geração alternativa.
As energias solar e eólica, cada vez mais acessíveis, têm uma limitação em comum: elas são intermitentes. Até agora, o mercado não oferecia opções baratas e eficientes de baterias capazes de estocar a energia gerada pelos sistemas domésticos a fim de compensar a descontinuidade do fornecimento (como discuti aqui no ano passado).Na quinta, uma nova divisão da indústria automobilística dirigida por Musk, a Tesla Energy, apresentou duas versões de baterias estacionárias, uma voltada para o mercado doméstico, outra para o comercial (veja ao lado um vídeo do evento em inglês e com legendas também em inglês), com a promessa de desatar esse nó.
O modelo comercial é o Powerpack, uma unidade do tamanho de uma geladeira com capacidade de estocagem de 100 quilowatts-hora. A Powerwall, voltada para uso residencial, vem em dois modelos que permitem estocar 7 ou 10 kWh. Ela pode ser instalada na parede externa da casa, custa a partir de US$ 3 mil e tem garantia de 10 anos. Essas unidades podem suprir a demanda em caso de pane elétrica ou reduzir o consumo de eletricidade da rede em horários de pico. E, mais importante de um ponto de vista ambiental, elas ampliam de forma extraordinária a competitividade da geração eólica e solar e coibem a demanda por combustíveis fósseis e renováveis tradicionais, como a geração hidrelétrica. Finalmente, viabilizam a descentralização da geração, uma tendência que vinha crescendo lentamente e que poderá decolar de vez. “Nossa meta é mudar a forma como o mundo utiliza energia numa escala extremamente grande”, declarou Musk, durante o lançamento.
Importante notar, porém, que se as novas baterias de íons de lítio da Tesla tiverem grande sucesso comercial e efetivamente ajudarem a mudar a matriz energética global, causarão um boom na mineração (e no descarte pós-consumo) de minerais escassos – os mesmos presentes em baterias de computadores e celulares. O lítio não é tão tóxico quanto o mercúrio e o cádmio, metais pesados utilizados nas baterias da velha guarda, mas também apresenta toxicidade. É um efeito colateral que não poderá ser ignorado na corrida pela viabilização de um modelo energético de baixo carbono.
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O bilionário sul-africano Elon Musk está investindo parte da fortuna que fez com a PayPal (líder em transferência eletrônica de pagamentos) na universalização da economia de baixo carbono. Sua Tesla Motors comercializou 70 mil carros elétricos desde 2008 e abriu mão da exclusividade sobre suas patentes para que outras indústrias automobilísticas possam desenvolver veículos que dispensem os combustíveis fósseis, barateando essa tecnologia. Ele também dirige a SolarCity, uma das líderes americanas da geração solar fotovoltaica. E, na semana passada, Musk deu mais um passo nessa seara ao anunciar um produto que almeja resolver um dos principais gargalos do mercado de geração alternativa.
As energias solar e eólica, estão cada vez mais acessíveis, têm uma limitação em comum: elas são intermitentes. Até agora, o mercado não oferecia opções baratas e eficientes de baterias capazes de estocar a energia gerada pelos sistemas domésticos a fim de compensar a descontinuidade do fornecimento (como discuti aqui no ano passado).Na quinta, uma nova divisão da indústria automobilística dirigida por Musk, a Tesla Energy, apresentou duas versões de baterias estacionárias, uma voltada para o mercado doméstico, outra para o comercial (veja ao lado um vídeo do evento em inglês e com legendas também em inglês), com a promessa de desatar esse nó.
O modelo comercial é o Powerpack, uma unidade do tamanho de uma geladeira com capacidade de estocagem de 100 quilowatts-hora. A Powerwall, voltada para uso residencial, vem em dois modelos que permitem estocar 7 ou 10 kWh. Ela pode ser instalada na parede externa da casa, custa a partir de US$ 3 mil e tem garantia de 10 anos. Essas unidades podem suprir a demanda em caso de pane elétrica ou reduzir o consumo de eletricidade da rede em horários de pico. E, mais importante de um ponto de vista ambiental, elas ampliam de forma extraordinária a competitividade da geração eólica e solar e coibem a demanda por combustíveis fósseis e renováveis tradicionais, como a geração hidrelétrica. Finalmente, viabilizam a descentralização da geração, uma tendência que vinha crescendo lentamente e que poderá decolar de vez. “Nossa meta é mudar a forma como o mundo utiliza energia numa escala extremamente grande”, declarou Musk, durante o lançamento.
Importante notar, porém, que se as novas baterias de íons de lítio da Tesla tiverem grande sucesso comercial e efetivamente ajudarem a mudar a matriz energética global, causarão um boom na mineração (e no descarte pós-consumo) de minerais escassos – os mesmos presentes em baterias de computadores e celulares. O lítio não é tão tóxico quanto o mercúrio e o cádmio, metais pesados utilizados nas baterias da velha guarda, mas também apresenta toxicidade. É um efeito colateral que não poderá ser ignorado na corrida pela viabilização de um modelo energético de baixo carbono.