Depois de intenso sobrevoo nos assuntos de escala global, por conta da Rio+20, a proposta desta edição é descer ao térreo. Sabendo que a agenda macro não tem sustentação sem ações costuradas e articuladas em nível local, lançamos a seguinte provocação: as mudanças que queremos ver no mundo estamos conseguindo fazer no microcosmo – a começar das reuniões de condomínio e do bom-dia ao vizinho?
Aqui, PÁGINA22 conta histórias sobre a ocupação da praça do bairro, a festa junina que serve de mote para ressignificar o espaço público, o combate à corrupção feito pelas mãos do cidadão, a governança construída bottom-up e o fortalecimento do tecido social. Seja usando a linha da costura cultural, como a tradição do bumba meu boi no Morro do Querosene, em São Paulo, seja usando como fio condutor modelos mais diversificados de financiamento, como a moeda social no Ceará, o crowdfunding e o microcrédito, que se baseiam em relacionamento e confiança mútua.
São relatos muito palpáveis que se deparam com desafios reais: saber usar a ferramenta do diálogo para empoderar as pessoas, tornando-as protagonistas da própria narrativa. E fazer dessas histórias a parte que inspira, repercute e ganha escala.
Mais que influenciar políticas públicas, inovador em termos de articulação é romper com as caixinhas formais que separam o que é governo do que é mercado e do que é sociedade. Como diz Tião Rocha na Entrevista, precisamos é de um Setor Zero, “onde os indivíduos são produtores de políticas públicas não governamentais, e é legitimado pela sociedade e baseado na ética pura”.
Boa leitura!