A conta bancária do planeta está no vermelho. O recado foi dado por Bernardo Reyes, pesquisador associado à Rede Internacional Pegada Ecológica, em um local estratégico: um banco. Em palestra no Banco ABN Amro Real em agosto, Reyes informou que, a partir de meados dos anos 80, a humanidade passou a consumir o capital natural e não somente os frutos gerados por ele. “Isso só é possível com endividamento, estamos consumindo o capital das gerações futuras”, disse.
Segundo Reyes, o maior desafio para a humanidade equilibrar suas contas em relação aos recursos naturais que utiliza é a energia. No século XX, a demanda por energia aumentou 11 vezes e deverá continuar subindo. “Nosso netos consumirão pelo menos quatro vezes mais energia que nós”, informou.
Para tornar o desafio mais palpável, Reyes lembrou que atualmente, na Europa, um simples iogurte consome em média 17 vezes mais energia para chegar à mesa do consumidor do que o poder calórico que contém. “O metabolismo industrial tem de mudar”, alertou. E rápido. A pegada ecológica – a medida do impacto das atividades humanas no meio ambiente – da China é de 1,6 hectare por pessoa, embora os recursos naturais do país permitam o consumo de apenas 0,8 hectare por pessoa. “A China só pode se desenvolver se buscar, pelo comércio, a capacidade bioprodutiva de outros países”, concluiu Reyes.