A decisão do governo brasileiro de apresentar uma proposta para redução do desmatamento das florestas tropicais com base em um fundo patrocinado pelos países ricos é um avanço, mas organizações envolvidas no processo prevêem dificuldades para concretizar o mecanismo.
O Brasil apresentará a proposta durante a Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança Climática (COP12) – em novembro, no Quênia. Na reunião, serão discutidas estratégias para a contenção do desmatamento e das queimadas, que representam 25% das emissões globais de gases de efeito estufa.
A opção pela proposta de um fundo para receber doações de países desenvolvidos, cujos recursos seriam utilizados pelas nações em desenvolvimento para preservar suas florestas, foi feita em seminário preparatório para a COP 12, realizado em Roma no início de setembro. Para Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), há avanço em relação à proposta anterior, feita na COP de Montreal. “Agora, a posição inclui uma metodologia discutida pela sociedade”, diz.
Segundo ele, a posição do governo fundamenta-se em proposta criada pelo Ipam em conjunto com outras instituições, a da Redução Compensada do Desmatamento (RCD) (leia a reportagem O Padrão do Carbono). Difere apenas quanto aos créditos de carbono. Para Moutinho, a compra dos créditos gerados por RCD seria mais aceitável pelos países ricos do que apenas contribuir para um fundo a título de doação.
“Os fundos mundiais de ajuda humanitária estão sem recursos, imagine a dificuldade de se captar dinheiro para preservar a floresta em pé”, diz. Moutinho acredita que muita coisa pode mudar até o fim de 2007, quando se espera um consenso sobre a questão. “É impossível sustentar um esquema com base em doações, e isto ficará claro ao longo das discussões”.