Por Flavia Pardini
Fundos de investimento em geral são produtos oferecidos por bancos ou administradoras de recursos. Não é o caso do Fundo Care Brasil de Carbono Social, lançado pela Care Brasil, uma ONG de combate à pobreza, durante a 12a Conferência das Partes da Convenção Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Nairóbi, no Quênia.
“É comum no mundo das ONGs ouvirmos reclamações de falta de financiamento”, diz Markus Brose, diretor-executivo da Care Brasil. “A idéia é agregar a expertise de uma ONG de ação social aos mecanismos de mercado.”
O fundo pretende levantar US$ 55 milhões junto a empresas interessadas em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, incluir a “questão humana” nos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Brose lembra que o Brasil é o segundo país com mais projetos de MDL – atrás da Índia -, mas a maioria foca no business carbono. “É bom porque desenvolve o mercado, mas é preciso recuperar o espírito de Kyoto.”
Pelo protocolo, os projetos de MDL podem gerar créditos de carbono a ser vendidos a empresas e países com metas de redução de emissões, mas devem buscar também o desenvolvimento sustentável, cuidando de aspectos sociais e ambientais. Nem sempre é o que acontece, afirma Brose. “No caso do projeto de geração de energia no Aterro Bandeirantes, por exemplo, não houve envolvimento da comunidade”, diz.
O fundo, operado pela Care em parceria com a CO2e, está aceitando reserva de cotas a partir de US$ 50 mil para investimento em projetos ao longo de 20 anos. O retorno ao investidor será na forma de créditos de carbono, com a garantia de valor agregado nas áreas social e ambiental, garante Brose.