Por Amália Safatle
Se o Brasil registra um histórico de destruição ambiental e problemas sociais, não seria por falta de símbolos ligados a esses temas. “Os mitos brasileiros são quase sempre ecológicos, voltados à proteção da natureza”, diz Mouzar Benedito da Silva. O jornalista, ao lado do cartunista Ohi, prepara o lançamento da coleção de livros Mitologia Brasílica, a ser editada pela Salesiana.
A obra divide-se em seis volumes de 64 páginas e começa pelo Saci, personagem que “ajuda a contar a história” da Mata Atlântica, inclusive a dominação dos índios tupiniquim e guarani, habitantes da floresta que ocupava toda a costa brasileira. O Saci, mito nascido entre os guarani, tornou-se símbolo da miscigenação.
O primeiro volume deve ser lançado em março e menciona também o nheengatu, idioma tupi adaptado pelos jesuítas à língua escrita e à gramática portuguesa, e que depois veio a infl uenciar o linguajar e a cultura caipira.
Segundo Mouzar, que estudou a língua tupi na Universidade de São Paulo, trata-se de uma coleção paradidática e multidisciplinar, que interessa aos campos da língua portuguesa, da história e da geografi a. É também uma forma de falar das questões socioambientais “sem ser ecochato”.
A coleção abordará, entre outros, o mito da Iara e os recursos hídricos, do Negrinho do Pastoreio e as questões raciais, do Boto e a Amazônia, do Caipora e a fauna, e do Curupira e a destruição das florestas.