“Não coma nada que a sua tataravó não reconhecesse como comida”, aconselha Michael Pollan, autor do livro The Omnivore’s Dilemma, em um longo exposé das relações entre a indústria alimentícia e ciência da nutrição publicado recentemente no The New York Times. Apesar de simples, o conselho não é seguido por muita gente, inclusive no Brasil, onde os habitantes das grandes cidades cada vez mais escolhem alimentos que nem mesmo nossas avós reconheceriam.
No Carlota, o famoso restaurante da chef Carla Pernambuco, nascido em São Paulo e hoje com uma filial no Rio de Janeiro, alguns ingredientes são usados “disfarçados”, no bom e velho estilo de avós e tataravós para enganar as crianças e fazê-las comer alimentos nutritivos. “Em vez de usar só o grão de arroz em um risoto, usamos também a cevadinha”, conta Carla, acrescentando que ingredientes como aveia, damascos, uvas-passas e outros também entram nas receitas sem grande alarde.
“São Paulo é uma cidade em que as pessoas deveriam prestar atenção ao que comem, são nervosas, estressadas”, diz a chef, lembrando que uma dieta à base de fibras ajuda a não “estressar” o organismo.
Não é só no preparar das receitas que Carla se preocupa com a saúde e o significado da comida. Há pouco mais de um ano, ela abriu o portal do Carlota na internet para abrigar o website culinariaresponsavel.org, que reúne informações e artigos sobre o assunto. “Decidimos usar o prestígio do restaurante para levantar essa bandeira”, conta Carla.