Por Flavia Pardini
Apesar do sucesso do Protocolo de Montreal, os esforços para conter o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global podem ser postos a perder — graças ao aumento da renda e um boom na demanda por ar condicionado em países em desenvolvimento. Ali, os aparelhos usam substâncias refrigerantes banidas na Europa e que o serão em breve nos EUA.
A principal é o HCFC-22 (hidroclorofl uorcarbono), cujo uso em países desenvolvidos deve ser descontinuado, segundo o protocolo, até 2020. Mas as nações em desenvolvimento podem usar até 2040. Embora menos danoso à camada de ozônio do que os CFCs, o HCFC-22 é um potente gás de efeito estufa. É preferido a outras substâncias que evitam dano à camada de ozônio por ser mais barato e fácil de usar.
Espaço para que o uso do HCFC-22 cresça não falta. Na Índia, por exemplo, estima-se que somente 2% das residências disponham de ar condicionado, e um imposto sobre esses aparelhos foi recentemente reduzido à metade.
A China é a maior fabricante de aparelhos de ar condicionado do mundo e tem pouco incentivo para substituir o HCFC-22. Pelo Protocolo de Kyoto, os países em desenvolvimento podem receber créditos de carbono ao reduzir as emissões decorrentes da produção de aparelhos que utilizam o HCFC-22. Mas não por substituírem essa substância por outras menos danosas.
No Brasil, o HCFC-22 também é utilizado. O País, junto com a Argentina, apresentou proposta para antecipar sua erradição nas nações em desenvolvimento para 2030. O tema será debatido na 19ª Conferência das Partes do Protocolo de Montreal, prevista para setembro.