Por Flavia Pardini
Vinte anos depois de sua assinatura — e 18 após entrar em vigor — o Protocolo de Montreal tem o que comemorar. Além de contribuir para a queda das emissões mundiais de clorofl uorcarbono (CFC), ajudou a conter
o aquecimento global. Bem mais do que seu “primo rico”, o Protocolo de Kyoto.
A redução das emissões de CFCs desde 1987 removeu da atmosfera o equivalente a 11 bilhões de toneladas métricas (1.000 quilos) de CO2, ou 0,55 bilhão de tonelada por ano, revela um estudo coordenado por Guus Velders, da Agência de Avaliação Ambiental da Holanda.
Para que tivesse o mesmo efeito, o Protocolo de Kyoto precisaria de metas de redução das emissões de gases de efeito estufa cinco vezes mais restritivas. Com as metas atuais, mesmo com a participação de grandes emissores como os EUA, Kyoto removeria 0,25 bilhão de tonelada métrica de CO2 por ano da atmosfera, se fosse cumprido à risca. Os CFCs podem armazenar de 5 mil a 14 mil vezes mais calor do que o CO2.
Antes do estudo dos holandeses, sabia-se que os CFCs atuam como gases de efeito estufa, mas não havia estimativas de quanto contribuiriam para o aquecimento global. O estudo mostra também que “as coisas são possíveis em um tratado global”, disse Velders à imprensa.
O Protocolo de Montreal estabelece um cronograma para que os CFCs deixem de ser produzidos e utilizados. Seu uso mais comum, e amplamente difundido até os anos 90, é como refrigerante em aparelhos de ar condicionado e sprays. Os únicos países que não ratifi caram o protocolo são Andorra, Iraque, San Marino, Timor-Leste e o Vaticano.