Por Flavia Pardini
Apesar da urgência, as duas semanas de negociações internacionais sobre mudanças climáticas em maio na Alemanha terminaram sem medidas concretas, aumentando a expectativa para a reunião, em dezembro, das partes da Conferência Quadro das Nações Unidas sobre o assunto. Espera-se que dali saia um mandato para negociação de novas metas para redução de emissões de gases de efeito estufa após 2012.
Para alguns observadores, entretanto, as reuniões dos órgãos de assessoramento científico (SBSTA) e de implementação (SBI) da Convenção não foram em vão. Mostraram, pelo menos, que a posição do Brasil e de uma coalizão de países detentores de florestas tropicais em favor de algum mecanismo que recompense o desmatamento evitado pode deixar os Estados Unidos em uma posição desconfortável.
Nas reuniões, os EUA se opuseram à proposta brasileira de um fundo voluntário com recursos dos países industrializados para compensar as nações tropicais que reduzam o desmatamento. Mas a insistência desses países em voltar ao tema em futuras negociações pode enfraquecer o argumento americano para não se juntar às demais partes do Protocolo de Kyoto na adoção de metas: o de que nações em desenvolvimento não participam do esforço para conter as emissões. Contribuiu a declaração do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, de que o Brasil estuda estabelecer metas unilaterais e voluntárias para reduzir o desmatamento da Amazônia.
Até a reunião de dezembro, entretanto, outros fóruns estarão abertos – o encontro do G8 em junho, novas reuniões dos órgãos técnicos da Convenção em agosto – e, por enquanto, os EUA continuam irredutíveis.