Por Flavia Pardini
O indiano Anil Gupta está entusiasmado com uma inovação que encontrou no Brasil. Em visita ao Rio em maio, ele foi apresentado a uma bicicleta cuja roda da frente conta com uma moldura – que garante estabilidade quando a bicicleta está estacionada e permite que se carreguem mercadorias -, a solução perfeita para vendedores porta a porta. Que o digam os tantos que percorrem as ruas do interior do País vendendo Q’boa e que tais.
“Eu nunca tinha visto essa característica na Índia ou na China, dois países que usam muito a bicicleta”, conta Gupta, professor do Instituto Indiano de Administração, em Ahmedabad, e co-presidente da Fundação Nacional para Inovação da Índia. “Embora a necessidade exista nesses países, uma inovação simples como essa não surgiu lá.”
Esse é um exemplo de como as pessoas de diferentes países podem se beneficiar de inovações e conhecimentos tradicionais de outras nações, se tiverem contato com elas. Por isso, Gupta está trabalhando para construir uma “incubadora virtual”, na forma de uma base de dados e uma plataforma on-line, que permita não só a troca de idéias, mas a conexão entre inovadores, investidores e empreendedores.
O projeto conta com a parceria da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no Brasil, e de duas entidades chinesas. Será oficialmente lançado em junho em um workshop na China.
“Em vez de olhar para os habitantes das regiões pobres como se fossem, coletivamente, um receptor de ajuda, reconhecemos as contribuições deles como uma fonte de invenções e inovações”, resume Gupta, que coordena também a Honey Bee, uma rede que prospecta, apóia e recompensa inovadores na chamada “base da pirâmide” e conta com 50 mil inovações e práticas tradicionais em seu banco de dados