Por Amália Safatle
Passado um ano da moratória da soja — compromisso assumido por empresas de não comprar grãos produzidos em áreas de desmatamento no bioma amazônico a partir de julho de 2006 —, pouco se questionou a questão do plantio do grão transgênico.
O Greenpeace, que possui uma forte campanha contra os alimentos geneticamente modifi cados, é uma das organizações não governamentais que se tornaram parceiras das empresas no programa, e integram o Grupo de Trabalho da Moratória da Soja, coordenado pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
“Não vejo nenhuma contradição nisso”, diz Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace. “São campanhas separadas. A transgenia é até mais fácil de monitorar que a soja oriunda de desmatamento, pois em tese os produtores precisam declarar que a soja é modifi cada”, diz.
Marcello Moreira, do Complexo Soja da Cargill, também afi rma que não há incoerência entre a atitude pró-sustentabilidade de combater o desmatamento e a adesão aos transgênicos. Segundo ele, esses alimentos trazem benefícios ambientais e sociais, como o de usar menos agrotóxico e alimentar de forma acessível a população pobre na China. “É uma tecnologia que, por ser nova, pode assustar, mas não se provou que faça mal”, afi rma. (Leia mais sobre a controvérsia em relação a transgênicos à página 44.)