Por Denise Juliani
O primeiro leilão de créditos de carbono do Brasil, realizado em 26 de setembro na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), pode ser considerado um caso de sucesso. O comprador do lote foi o banco de investimentos belga-holandês Fortis, que o arrematou por 16,20 euros a tonelada, um ágio de 27,5% sobre o preço mínimo fixado pela prefeitura. Há 12 anos no Brasil por meio de um escritório de representação, o banco possui presença marcante no mercado europeu de commodities. Por enxergar os créditos de carbono como mais um produto de sua área de atuação,o Fortis identificou no leilão uma boa oportunidade de negócio, pois aposta no crescimento da demanda. A intenção é colocar os créditos de carbono na carteira de ativos para posterior venda a algum cliente.
O banco belga-holandês superou as ofertas de 14 outros interessados, entre os quais empresas européias de energia — como Electrabel, da Bélgica, e Energias de Portugal — e outros grandes bancos de investimentos, como Goldman Sachs, Morgan Stanley, ABN Amro. Os créditos de carbono vendidos, correspondentes a mais de 800 mil toneladas, gerados pelo projeto de queima de gás metano e co-geração de energia do Aterro Sanitário Bandeirantes, renderam à Prefeitura 13,09 milhões de euros (cerca de R$ 34 milhões).
A BM&F espera que este primeiro teste de seu Mercado Brasileiro de Reduções de Emissões, criado há dois anos, seja o embrião de um ambiente de negociações mais ativo. Por enquanto, o nascente comércio brasileiro de créditos de carbono em ambiente regulado, como é o caso da Bolsa, será movido a leilões, sempre que surgirem vendedores interessados. Uma idéia é somar pequenos projetos em lotes maiores, suficientes para atrair compradores e capazes de cobrir os custos fixos da operação, que muitas vezes inviabilizam a geração dos créditos de carbono. Demanda na ponta compradora, como se pode verificar, não falta.