Empreendimentos imobiliários que adotam princípios da sustentabilidade custam mais caro e, por isso, destinam-se a um público específico que pode pagar por eles, certo? Nem sempre.
A incorporadora Ecoesfera prova que as construções ditas sustentáveis podem custar não 10% a mais que as convencionais — como é a média do mercado —, mas até 5% menos. E ainda são capazes de alcançar um preço de revenda 20% maior. Pelo menos é o que garante seu diretor, Luiz Fernando Lucho do Valle.
O engenheiro conta que se valeu do princípio de Henry Ford para subverter essa regra. Por meio da simplificação e da padronização de processos, barateou os custos a ponto de o preço se tornar acessível para as classes média e média baixa.
E com isso ganhou escala. Os apartamentos, que custam de R$ 80 mil a R$ 350 mil, têm tratamento de esgoto, reúso de água, aproveitamento da água da chuva, coleta seletiva de lixo, sensores de presença, entre outros atributos.
O próximo passo será lançar, maio ou junho, unidades de R$ 50 mil em São Paulo e no Rio de Janeiro, com energia solar. Além de localização, preço e qualidade, o quesito sustentabilidade tem sido um importante apelo de vendas. “Entre os compradores, 37% o apontaram como a principal razão da escolha.”
Ao contrário das incorporadoras convencionais, que primeiro buscam o terreno e depois desenham a planta, o desafio da Ecoesfera está em encontrar terrenos adequados a seus projetos. A empresa lançou-se nesse segmento em 2005. Obteve fôlego para investir com aporte de um grande banco estrangeiro e fundos de investimento. Em 2007, seu volume global de vendas era de R$ 32 milhões. Somente nos primeiros meses de 2008, está em R$ 800 milhões. “Devemos chegar ao fim do ano entre as dez maiores empresas do setor”, afirma. “Por que outras não fazem o mesmo? Por puro desconhecimento do tema.” São da Ecoesfera os dois primeiros green buildings residenciais da América Latina, que levam o selo Leed — Leadership in Energy and Environmental Design.