Por Amália Safatle
Importante alternativa para reduzir a pressão sobre as regiões de vegetação natural, o Sistema Integrado Lavoura-Pecuária (Silp) já é capaz de promover a mesma produção agropecuária em apenas um terço da área usada em modelos convencionais. A informação é de Flávio Jesus Wruck, do Centro Nacional de Pesquisa em Arroz e Feijão, da Embrapa.
O Silp promove o revezamento de culturas como pasto, arroz, soja, milho, sorgo e eucalipto, entre outras, em processos sinérgicos que aumentam a produtividade, oferecem renda para o produtor durante o ano todo, evitam a degradação do solo e podem ser aplicados tanto em grandes como em pequenas propriedades. Mas ainda é uma técnica pouco difundida em território nacional. “O estado com maior aplicação é o de Goiás, com cerca de 10% dos produtores praticando a integração entre lavoura e pecuária em algum nível”, diz.
Entre as razões, Wruck cita o fato de as pesquisas científicas dedicadas à técnica serem relativamente recentes, de apenas dez anos. “Até então era tudo muito empírico.” Outro motivo é a falta de pessoal qualificado para difundir o conhecimento. Para ser significativo, é necessária a formação de cerca de 330 multiplicadores em todo o País. E a capacitação de cada técnico leva pelo menos três anos, uma vez que um ciclo produtivo dentro do Silp dura de quatro a cinco anos para ser completado.
Há mais um limitante: o acesso a recursos financeiros, por parte do agricultor, para implantar o sistema. Segundo Wruck, o Banco do Brasil tem linha de financiamento exclusiva para o Silp, com a exigência mínima de que a propriedade mantenha em ordem a Área de Proteção Permanente e a reserva legal. “Em Mato Grosso, por exemplo, o percentual de propriedades que atendem a esses critérios é baixíssimo. Primeiro é preciso resolver a questão fundiária e regularizar as terras.”