Por Amália Safatle
Nos últimos dez anos, Mato Grosso respondeu por 40% do desmatamento da Amazônia Brasileira e emitiu cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono – média anual de 100 milhões de toneladas, equivalente a 10% do total das emissões globais por desmatamento. As informações, citadas por pesquisadores do Instituto Centro de Vida (ICV), por si só justificam uma política para combate às mudanças climáticas no estado responsável por grande parte da produção agropecuária nacional.
No início de setembro, houve, por parte do ICV e do Instituto Socioambiental, a tentativa de lançar um fórum estadual sobre o tema, em busca de um programa que conjugasse os esforços dos setores mais díspares da sociedade no combate às emissões no estado. Um encontro entre ONGs, grandes e pequenos agricultores, pecuaristas, povos indígenas e cientistas, realizado em Cuiabá, contava com a participação do governador do estado, Blairo Maggi, para apresentar propostas e lançar oficialmente o fórum. Mas, em uma rápida passagem pelo evento, Maggi não sinalizou qualquer plano estadual para esse combate.
O não-comparecimento de 40 representantes da chamada “agricultura intensiva” também prejudicou maiores avanços na discussão de propostas. Ao final, o encontro gerou um protocolo de intenções, firmado entre o governo, por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e as organizações ICV, ISA, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e The Nature Conservancy (TNC). O objetivo do protocolo é criar uma cooperação entre as partes para mitigar as emissões e buscar ações de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas em Mato Grosso.