Por Flavia Pardini
Uma nova peça no quebra-cabeça das florestas surgiu no meio do caminho entre as negociações sobre clima em Accra, em agosto, e a 14a Conferência das Partes (COP) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática agendada para dezembro. Um artigo publicado na revista Nature em setembro defende que as florestas antigas nas regiões boreais e temperadas do mundo atuam como sumidouros de carbono. A idéia contraria a percepção, datada dos anos 60, de que tais florestas são neutras do ponto de vista de carbono.
A nova pesquisa – realizada por um grupo cientistas europeus e americanos – buscou subsídio na literatura e em bancos de dados sobre estimativas do fluxo de carbono nas florestas. Concluiu que em florestas de idade entre 15 e 800 anos, a diferença entre a absorção (pela assimilação por fotossíntese) e a perda (pela respiração) de CO2 é positiva – ou seja, elas absorvem mais do que perdem.
“De fato, as florestas jovens, em vez das antigas, são muitas vezes fontes óbvias de CO2, porque a criação de novas florestas (seja naturalmente, seja pela mão do homem) freqüentemente se segue a distúrbios ao solo e à vegetação anterior”, escrevem. Boa parte das florestas boreais e temperadas de crescimento antigo situa-se na América do Norte, na Europa e na Ásia.
As florestas entraram nas negociações internacionais sobre as mudanças climáticas na 13a COP, realizada em Bali em dezembro de 2007 – para os países tropicais, discute-se um mecanismo para recompensar aqueles que evitem o desmatamento. A nova pesquisa pode aumentar o interesse das nações desenvolvidas nas florestas como parte de sua estratégia para cumprir metas de redução de emissões de CO2. “Regras de contabilidade de carbono para florestas deveriam dar crédito para manter as florestas antigas intactas”, advogam os cientistas. A 14a COP está prevista para 1º a 12 de dezembro em Poznan, na Polônia.