Quando se deparou com a notícia das obras de ampliação da Marginal Tietê, na capital paulista, Tiago Nepomuceno decidiu usar o seu hobby de design gráfico para criar um novo brasão para a cidade (maior, à esq.). “Pensei em criar um novo lema, mas, quando descobri o significado do lema atual, vi que era profético para o carro.” Tiago tem carro, mas evita. “O trânsito me transforma. Viro um monstro.” Há quatro anos, ele prefere a magrela e o transporte público.
Seu brasão se espalhou por diversos blogs e sites brasileiros ligados ao cicloativismo, e há quem proponha transformá-lo em adesivo e estampá-lo nos ônibus, cobrindo o símbolo oficial (menor, à dir.).
A construção de três faixas nos dois sentidos da Marginal custará R$ 1,3 bilhão e 559 árvores dos canteiros, que serão sobrepostos pelo asfalto. Assim como Tiago, especialistas em trânsito acreditam que a obra não resolverá o problema dos engarrafamentos, além de aumentar a impermeabilidade da região e as ilhas de calor. Como compensação, o governo do Estado plantará 4. 900 mudas nos arredores, entre outras medidas.
Provocadas por uma pergunta – “O que você acha desta cidade?”–, pessoas que andavam pela Avenida Paulista, em São Paulo, sintetizaram em um pequeno quadro o grande dilema da vida nas metrópoles. Lugar que oferece de tudo, até oportunidade. Mas se do lado econômico e cultural é tão pródiga e diversa, expõe as faces da injustiça social, do ambiente poluído, do pouco respeito ao próximo. Também há quem sinta uma certa frieza nas pessoas. Outras não a percebem assim. Um rapaz que passava acompanhado da mãe, quis escrever “Mãe te amo”. Meio sem jeito, ela comentou que essa não era a pergunta. Mas ele respondeu que mãe também é cidade e vice-versa. Lugar que habitamos e que mora em nós.
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