Cartas enviadas por leitores a respeito da entrevista “Ocupantes e ocupados”, publicada na edição 27
Apesar de a historiadora Arlene Elizabeth Clemesha ser uma autoridade no assunto, a entrevista é carregada de ideologia e ambiguidade. A entrevistada afirma que os palestinos não têm passaporte. Eu moro no Inglaterra e conheço palestinos; acreditem ou não, eu já vi o tal passaporte e anexei fotos ilustrativas a esta carta.
Vejo que este espaço é curto e não vou me alongar mais, porém acredito que a revista deverá convidar um entrevistado que mostre o outro lado do conflito e fazer as mesmas perguntas. Com certeza as respostas serão muito diferentes.
George Brummer, publicitário – Londres, Inglaterra
É uma grande tristeza ler de uma pessoa que se diz historiadora tantos absurdos sobre a questão do chamado conflito palestino-israelense. Os palestinos não foram expulsos dos territórios. Foram seus próprios líderes que os orientaram a fazer isso para forçar e pressionar, uma vez que têm por objetivo varrer Israel do mapa. A tal historiadora também não disse quem é que atacou e quem foi atacado nessas ocasiões. Israel não está mais em Gaza e o povo das cidades vizinhas vive sob medo intenso há oito anos com mísseis caindo em sua cabeça diariamente.
Sou judia e filha de judeus que foram expulsos de países árabes. Só que nós não nos amontoamos nas fronteiras, mas recomeçamos a vida do zero, pois tudo foiconfiscado. Quem é que fala por nós?? Agora temos um país que representa nosso povo, mesmo que muitos não estejamos lá em função da diáspora. Vamos nos defender, apesar de sermos pessoas de paz. Como bem disse Golda Meir: “Posso perdoar várias coisas aos árabes, só não posso perdoar o fato de terem ensinado aos nossos filhos a arte da guerra”. Amamos a vida acima de tudo. Não somos tolerados em países árabes, mas eles vivem em Israel e têm partido político. São tratados nos hospitais como todos os outros. Já pensou o contrário?? Chega de mentira e falsidade, chega de antijudaísmo, chega de inveja!!!
Jessica Srour Acherboim jeache@terra.com.br
Considero a entrevista com a historiadora Arlene Clemesha, publicada no número 27 da revista, tendenciosa e parcial. Ela não mostrou em nenhum momento que o principal motivo que levou Israel a ocupar os territórios foi sua sobrevivência, conseguida graças ao seu poderoso Exército (IDF).
Porque, a depender de seus inimigos, já teria sido varrido do mapa desde os primeiros dias de seu nascimento como nação. Deixou também de mencionar os enormes esforços que já foram feitos para se retirar dos territórios ocupados, em nome da política de paz por terras.
São vários os tópicos inaceitáveis da entrevista e que merecem ser mais bem discutidos. Entendo, portanto, que deverá ser cedido o mesmo espaço da revista para que haja oportunidade de se mostrar o outro lado do conflito árabe-israelense.
Rachel Feldmann
Apoio toda e qualquer forma de expressão visando o bem-estar comum. Por esse motivo, gosto muitíssimo do conteúdo da Página22. Compactuo com a visão de mundo e estou engajado na questão. Por isso, fiquei, de certa forma, surpreso com a entrevista sobre o conflito Israel/Palestina, apenas por acreditar que sempre existem ao menos duas versões das mesmas histórias. É muito importante tratar assuntos sensíveis como esse com a devida sensibilidade. Ou seja, ao menos dando voz ativa para os dois lados se manifestarem. A mídia tem um poder de transformação e formação incomensurável. É muito perigoso estampar ideias e ideais individuais sem se dar conta de que seus impactos poderão causar ainda mais conflitos. Respeito a opinião da Sra. Arlene e acho imprescindível a manifestação do seu entendimento quanto ao conflito.
Ricardo Glass, economista riglass@hotmail.com
Resposta da Redação: A entrevista com Anita Novinsky publicada nesta edição mostra visão diferente da apresentada por Arlene Clemesha na edição 27 e dá continuidade ao debate sobre a questão territorial na Faixa de Gaza.