O potencial da moda influenciar o comportamento e as atitudes de quem a consome também foi tema da I Semana de Sustentabilidade da FGV. Em debate estava a oportunidade de canalizar essa força para um “consumo consciente”. Para falar sobre isso, foi convidado o Instituto-e, ligado à Osklen.
Estruturado em cinco pilares: terra, meio ambiente, energia, educação e empoderamento, o Instituto-e parte do pressuposto que a moda cria tendências e provoca comportamentos. A idéia é usar a marca para representar o slogan: “preserve seu estilo de vida, aja agora”.
“O Brasil possui inovações sustentáveis, conhecimento e recursos naturais em abundância”, ressaltou Guilherme Arruda, responsável pelo Instituto-e. “As tradições culturais, o mix de materiais para trabalhar e o artesanato são elementos que enriquecem ainda mais o contexto brasileiro.” O Instituto busca unir os valores culturais aos valores contemporâneos, como design, tecnologia, arte e a própria moda, para se aventurar na mudança de paradigma global.
“O consumismo está se transformando com a idéia do new luxury, que representa novas escolhas e novos valores”, explicou Arruda. “Por exemplo, utilizar produtos que valorizem a diversidade nacional para o ‘vestir consciente’, em vez de consumir produtos importados que utilizem mão-de-obra e recursos duvidosos.”
Melhorar a comunicação de bons projetos é uma das metas do Instituto-e. A partir da identificação de elos e oportunidades, a empresa busca compartilhar conhecimento técnico e estimular novas práticas sustentáveis na cadeia produtiva. Por exemplo, o projeto e-fabrics trabalha com o conceito de empoderamento, trazendo inovações no que diz respeito à utilização de matérias-primas naturais e no fomento às relações éticas com a comunidade e com os colaboradores. Para tanto, são identificados materiais que respeitem critérios de desenvolvimento sustentável – como couros alternativos e tecidos de fibras naturais – e técnicas artesanais: tecelagem e fiação, tingimento e cutrição.
Na palestra foi destacada ainda a questão da cadeia de valor. O fornecedor de embalagens plásticas FEMAPRE atua pautada na redução de impactos sociais e ambientais, e recentemente criou uma subsidiária chamada FEMAGREEN, responsável pela gestão de resíduos gerados nos processos e pela logística reversa dos meios produtivos. A empresa aplica iniciativas de reuso de água, redução da demanda por energia elétrica e adota o conceito de que a sustentabilidade deve gerar e dividir recursos, estimulando a mobilidade social.
Olhar para toda cadeia produtiva faz parte da estratégia da Osklen, de gerar valor agregado que justifique sua política de preços (markup) dos produtos, pautada no conceito de future maker (olhar para o futuro e fazer acontecer). A busca de oportunidades faz com que o grupo procure compreender as questões culturais e os hábitos de consumo da sociedade para trabalhar seu conceito de sustentabilidade: “toda ação está ligada a uma reação”.
por Alessandro Pelossof