Por Amália Safatle
Abrir fronteiras e ocupar terras para produzir alimentos, fibra e energia leva a um natural embate entre ruralistas e ambientalistas – a mais recente discussão entre o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e representantes do setor agrícola mostra o grau de acirramento a que pode chegar tal disputa. Mas alçar o agricultor a novas e mais sofisticadas funções são caminhos para uma relação de menos conflito e mais sinergia.
Na ponta do conhecimento dessas novas funções está o TransForum, um programa holandês de inovação que acena com a perspectiva de maior sustentabilidade para o setor agrícola e áreas rurais (www.transforum.nl). “Além de produtor de alimentos, fibra e energia, o agricultor pode ser um prestador não só de serviços ambientais – como ‘produtor de água’ ou protetor de biodiversidade -, mas também de serviços sociais”, afirma Decio Zylbersztajn, presidente do Conselho de Orientação do Centro de Conhecimento em Agronegócios (Pensa) e um integrante do TransForum.
Na Holanda, por exemplo, há cerca de 800 agricultores contratados para abrigar pacientes em convalescença. Médicos entendem que a estada no campo torna a recuperação mais rápida e mais barata. Os serviços sociais podem incluir também o abrigo de pacientes com debilidade mental leve e para recuperação de viciados em drogas.
Zylbersztajn diz que está em contato com produtores agrícolas, médicos e representantes de governo e pretende levar a discussão para a International Pensa Conference, a ser realizada entre os dias 26 e 28 de novembro, em São Paulo, e que terá como tema a reorganização do setor agrícola diante da crise econômica.