por Mario Monzoni
Estou aqui representando a FGV-EAESP, que foi escolhida, ao lado de outras nove universidades brasileiras, para participar de programa de mobilidade internacional de estudantes e professores, chamado Programa Top China Santander Universidades, patrocinado pelo Banco Santander. Além da FGV, participam: a USP (ESALQ), Unicamp, Unesp, UNB, Unisol, Mackenzie, UFAL, Anhembi Morumbi e UNIP. São 11 professores, incluindo a Reitora da USP, Profa. Dra. Suely Vilela, 40 alunos e uma representante do Santander, totalizando uma delegação de 52 pessoas. Da FGV, vieram os alunos Allan Grabarz, Maria Raquel Costa e Anna Laura Pancinni. Aqui, nos juntaremos a professores chineses, outros acadêmicos estrangeiros e um grupo de 32 estudantes chineses para um curso de três semanas sobre meio ambiente, mudanças climáticas e ciências da vida.
A VIAGEM
Viajar para a China será sempre inesquecível. Primeiro porque você fica 25 horas dentro do avião, 4 em aeroporto de conexão e chega com 11 horas de fuso horário. Ou seja, na viagem de ida, você pula um dia na sua vida. Dessa vez, a viagem ficou ainda mais especial com a parada em Dubai, Emirados Árabes Unidos. Se vocês passarem uma linha reta entre São Paulo e Shanghai, Dubai fica em cima dessa reta, na saída da península arábica. A cidade é conhecida pelo enorme investimento em turismo, como forma de criar uma economia não dependente do petróleo. Para se ter idéia, eles criaram praias artificiais, em formato de palmeira, para abrigar condomínios de luxo. Eles também estào investindo muito para ser a capital financeira do mundo árabe e o hub logístico entre o ocidente e o oriente. Depois de 15 horas de vôo, pela Emirates, chegamos em Dubai, para uma conexão de 4 horas. O aeroporto, de 300 portões de embarque e uma área de free shop que demora 20 minutos para percorrer nos dá uma dica do que será Dubai depois do petróleo. E certamente, não será para nós! De qualquer forma, o aeroporto de Dubai já nos oferece uma ótima amostragem de fauna humana de transição para o nos espera do outro lado do mundo.
A CHEGADA
Achei que só brasileiro tinha pressa para levantar do avião: antes mesmo do avião parar para estacionar, todos os chineses da minha frente levantaram desesperadíssimos para sair do avião. Tira mala para cá, empurra para lá, uma confusão… mas, o que eles não esperavam era o auto-falante avisar que todos precisavam voltar aos seus lugares, pois a autoridade sanitária do país iria entrar no avião para “fazer testes amostrais” em passageiros para ver a febre suína também tinha viajado com a gente. E voltam as malas pro maleiro, todos sentados de novo, esperando algum cidadão chinês de branco com termômetro na mão. Não sei se eu estava muito no fundo do avião ou o N amostral deles é muito baixo, mas só sei que em 3 minutos liberaram todos para o desembarque. O espanhol do Santander que nos recebeu disse que se encontram alguém com febre, contam 5 fileiras para frente e 5 para trás e colocam essa turma de quarentena.
SHANGHAI, 37 GRAUS
Depois de quase um quilometro de esteiras, mais autoridades sanitárias, imigração e malas, acabei sendo o primeiro a aparecer na frente dos chineses que nos esperavam atrás de uma placa do Programa. Depois de quase uma hora, conseguimos juntar os 52 pedaços de brasileiros ardendo por um banho e uma cama, principalmente depois de receberem o bafo de 37 graus que nos esperavam do outro lado da porta da rua do aeroporto. O aeroporto é distante da cidade e a viagem ao centro já nos dá uma pista de parte da China: dezenas de gruas no horizonte, muita obra viária e na construção civil. A quantidade de vias elevadas é impressionante. Confesso que, apesar de paulistano, fiquei assustado com a volúpia do investimento em construção, em Shanghai. Shanghai assusta São Paulo. Não que isso seja bom! O campus, aliás, o primeiro e histórico campus da SJTU, fica no centro da cidade. Fomos alojados no Faculty Club do campus. Muito bem alojados, btw. Os professores estão em apartamentos singles na parte do prédio separada para “foreing experts”, enquanto os alunos estão em apartamentos duplos. Não sei se isso é uma mensagem a se levar apenas por esse fato, mas, aparentemente, professores são valorizados na China. Não deu muito tempo para relaxar, pois nosso primeiro jantar chinês estava servido. Uma delícia: mesa redonda, daquelas que tem um monte de pratos que rodam num círculo no meio da mesa. Sempre quis ter uma dessas na minha casa. Garfos e facas foram solicitados por alguns. Os jovens ainda tiveram energia para sair para as ruas de Shanghai depois da janta. Eu fui dormir.