O que deve mudar no Brasil para sua vida mudar de verdade? Essa foi uma pergunta feita a 500 mil brasileiros em pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com o objetivo de escolher o tema do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano, a ser publicado no início do ano que vem.
Surpreendentemente, valores como respeito, justiça, paz, honestidade, amor, ausência de preconceito, responsabilidade e consciência foram mais mencionados do que os hits educação, segurança, saúde e emprego. Pela primeira vez no levantamento a questão foi postulada de forma aberta aos entrevistados, e não com respostas de múltipla escolha: uma espontaneidade que é ainda mais reveladora da percepção da população acerca de sua própria realidade.
Prova também de que os cidadãos esperam mais que as tradicionais bandeiras erguidas pelos candidatos: desejam profundas reformas no jeito de se fazer política, neste momento marcado por escândalos no Senado. Quando Página22 relaciona política e sustentabilidade, trata-se muito mais do que inserir temáticas socioambientais nas plataformas políticas: diz respeito à mudança na visão de mundo, a um amplo e participativo debate sobre o projeto de nação e a um entendimento da realidade nacional dentro de outro contexto global, alterado por condições complexas, como as mudanças climáticas.
Sociedade civil, organismos multilaterais e setor privado são esferas nas quais as discussões sobre sustentabilidade têm gradativamente evoluído. Mas e quanto às instâncias políticas, decisivas para que as transformações ocorram de fato? A caminhada ainda está bem no início e certamente começa pelo resgate dos valores, em torno dos quais se arregimentem forças e interesses comuns. Dispersos, os sonhos não passam de sonhos. Mas, se orquestrados em um movimento consistente, podem alçar à realidade.
Boa leitura