“Mulheres pobres em países pobres são aquelas mais atingidas pelas mudanças climáticas, ainda que sejam as que menos contribuem para os desastres”. As palavras são de Thoraya Ahmed Obaid, diretora-executiva do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA). O órgão da ONU ressalta em um relatório que, apesar de diretamente impactadas, as mulheres são praticamente ignoradas na discussão sobre como frear este cenário, e deveriam ser mais consideradas durante a Conferência Global do Clima, em Copenhague.
Elas têm maior tendência a morrer em desastres naturais do que homens, e a diferença é ainda maior em sociedades em que o sexo feminino têm status social mais baixos, como informa notícia da Agência Reutres (veja a íntegra em inglês). A maioria das cerca de 1,5 bilhão de pessoas que vivem com 1 dólar ou menos por dia no mundo é de mulheres.
Obaid disse que populações pobres dependem mais da agricultura, e tendem a passar fome ou perder meios de sustento com a ocorrência de secas, enchentes ou furacões (além de viverem comumente em áreas de risco). Inseridas neste contexto de pobreza, as mulheres têm menor poder sobre suas próprias vidas, menor reconhecimento econômico e carregam a responsabilidade de criar filhos — o que torna um cenário de desastre ainda mais difícil de ser enfrentado.
O relatório clama por investimentos destinados a capacitar mulheres e meninas principalmente nas áreas de educação e saúde, e afirma que a luta global contras as mudanças climáticas tem mais chances de êxito se levar em consideração as necessidades, direitos e potenciais delas.
“Garotas com maior nível de educação, por exemplo, tendem a ter famílias menores e mais saudáveis quando adultas”, disse o relatório. “Mulheres com acesso a programas de saúde, incluindo planejamento familiar, têm taxas de fertilidade mais baixas, o que contribui com crescimento mais lento na emissão de gases do efeito estufa a longo prazo”.