Lideres dos setores público, privado e terceiro setor se reuniram na noite deste domingo no Hilton de Copenhague para uma conversa informal promovida pelo Governador José Serra e pelo secretário do Forum Paulista de MC e Biodiversidade Fabio Feldmann, ambos recém chegados de Sao Paulo para a COP15. Estavam presentes diversos nomes de peso da comitiva brasileira como Pingueli Rosa (FBMC), Xico Graziano (Secretario Estadual do Meio Amb.), Eduardo Jorge (Secretario Municipal de Meio Ambiente), Rachel Biderman (FGV), Laura Valente (ICLEI), Gustavo Fonseca (GEF), Sergio Bresserman (COPPE), Sergio Abranches (CBN), Israel Klabin (FBDS), Ricardo Young (Ethos), e a lista não acaba …
O intuito do encontro foi passar ao Governador um brieffing da primeira semana de negociações da COP15. Foram varios os discursos a respeito da posição brasileira frente à questão das mudanças climáticas, as oportunidades que se abrem ao pais frente à nova ordem mundial do baixo carbono e os principias desafios no caminho do cumprimento da meta federal divulgada em novembro (entre 36 e 39% das emissoes projetadas para 2020) e da meta Paulista (20% de redução em relação às emissões de 2005).
Os seguintes pontos tiveram maior destaque na reunião:
– a evolução nas discussões sobre a inclusão de REDD no novo acordo e a mudança da posição do governo federal, que agora – ao contrário do que ocorria nas COPs anteriores – defende a participação do mercado, ainda que limitada, para o financiamento do mecanismo REDD;
– a necessidade de se reagrupar os paises integrantes da COP, particularmente os em desenvolvimento, em grupos menores e mais homogêneos para que direitos e deveres ou “responsabilidades comuns porém diferenciadas” possam ser destribuidas de forma mais justa, facilitando assim o consenso necessário para a negociação do novo acordo;
– a clara acomodação do Brasil, se comparado a países como China e Índia, em relação a inventimentos em novas tecnologias limpas de baixa emissão de CO2. Esta acomodação, que pode ter graves consequencias para o futuro da economia do pais, é causada pela posição privilegiada do pais em poder reduzir suas emissões substancialmente apenas investindo na redução do desmatamento na Amazônia
– a possível falha da COP15 em estabelecer um acordo políticamente vinculado, devido a várias divergências que estão travando as negociações, bem como o adiamento da decisão para a próxima COP, a ser realizada no México daqui a um ano
Muito foi dito e discutido no encontro, mas acredito que o fato mais relevante na noite de ontem foi a reunião, e a união, de líderes de setores tão diferentes em prol de um programa nacional para a mitigação e adaptação do país às mudanças climáticas. O alinhamento nos discursos e a importância com que todos trataram a questão das mudanças climáticas era algo absolutamente impensável há apenas cinco anos. Isso mostra o amadurecimento das lideranças que antes eram reativas ao assunto. Este alinhamento é fundamental para que possamos embarcar de vez na nova revolução econômica e industrial do baixo carbono.
Beto Strumpf