Ontem eu finalmente vi o tão comentado Avatar. Candidato forte ao Oscar de efeitos especiais – principalmente na versão 3D, o filme me chamou atenção pela forte temática socioambiental. Uma ótima ponte com o público jovem para sensibilizá-lo e estabelecer paralelos com questões como a luta dos povos indígenas por sua terra e seu ambiente cultural indissociável da natureza, bem como trazer uma perspectiva da dinâmica de destruição da floresta que, movida por questões econômicas, pode tomar contornos de catástrofe.
Produto de Holywood, o filme mantém recursos conhecidos como doses cavalares de militarismo, pitadas de um tom piegas às vezes incômodo, chavões e estereótipos. Mas também traz um diferencial interessante em relação a outras obras do gênero. A relação do homem com a floresta tem um papel central no filme como catalizadora de um outro espírito de humanidade. Essa “novidade” não é desprezível, se tomamos como referência outros filmes identificados pelo trinômio ação-natureza-fantasia, como a série Star Wars, onde a natureza é caracterizada como cenário, um coadjuvante exótico; Jurassic Park, onde a natureza é incontrolável e destruidora; ou ainda as recentes animações com temática ambiental, que procuram mostrar a relação entre o equilíbrio do ambiente e a vida, mas acabam se restringindo a uma natureza “dos bichos”, sem destacar a relação do ser humano – Era do Gelo e Madagascar, por exemplo.
Em Avatar, a sustentabilidade socioambiental é colocada como caminho para a sobrevivência e para uma conduta ética e a floresta acaba ganhando ares de “mocinha” ao ser responsável pela derrota da ganância econômica armada até os dentes. Vale a pena conferir o filme e levar a molecada. (Ricardo Barretto)