Qual é a percepção que você tem sobre a sua cidade? Qual avaliação você faz sobre os serviços públicos oferecidos em seu município? Qual é o grau de satisfação que você tem sobre sua qualidade de vida? Respondendo a perguntas desse tipo em pesquisa encomendada pelo Movimento Nossa São Paulo ao Ibope os paulistanos revelaram alto grau de insatisfação com a cidade: 87% das pessoas entrevistadas consideram-na um lugar inseguro para se viver e, mais alarmente ainda, 57% declarou que deixaria a cidade se tivesse oportunidade. Seguindo a metodologia utilizada pela pesquisa, que atribuiu notas em uma escala de um a dez, os paulistanos avaliam sua qualidade de vida com uma média de 4,8.
A pesquisa IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município) foi realizada em duas etapas distintas. A primeira foi uma consulta pública virtual para saber quais temas eram considerados prioritários pela população para manutenção, ou não, de sua qualidade de vida. Depois disso, ao longo de dezembro de 2009, uma pesquisa por amostragem entrevistou 1.512 pessoas, cobrindo todas as regiões da cidade, mesclando perfis em relação ao sexo, grau de instrução, cor, estado civil e renda e considerando a proporcionalidade do percentual que habitantes que cada região da cidade tem para repeti-lo na pesquisa.
Foram 174 os temas sondados, dos quais somente 39 estiveram na média – ou acima dela – estipulada de 5,5. Um claro sinal de que a insatisfação com a cidade é geral e abarca desde transporte e cultura, passando pelo meio ambiente, transparência e participação política e desigualdade social.
Há um maior nível de satisfação por parte dos paulistanos quando se trata de aspectos relacionados à sua vida privada, como seus relacionamentos pessoais e familiares. Ao mesmo tempo, o descontentamento é maior quando são avaliados os temas que tratam da vida em comum na cidade. Na época do individualismo, seria um sintoma de que os cidadãos se mostram cada vez menos dispostos ou interessados em ser parte atuante da esfera pública?