O mundo ainda não conseguiu um acordo que estabeleça números para a redução das emissões dos gases estufa e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. No entanto, algumas iniciativas têm cada vez mais estimulado o setor empresarial a se comprometer com a questão.
Uma delas é a proposta da BM &FBovespa de aumentar o peso e o destaque do critério sobre mudanças climáticas no novo questionário do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
Para isso, as questões relacionadas ao clima farão parte de uma nova dimensão, neste primeiro ano empregada apenas em caráter experimental. É possível que a pontuação comece a valer de fato somente a partir de 2011, mas as perguntas sobre mudanças climáticas que já existiam no questionário serão mantidas e contam para a avaliação atual, explica Roberta Simonetti, coordenadora do programa de Sustentabilidade Empresarial do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV -Eaesp (GVces).
O Gvces é o responsável pela metodologia do questionário aplicado às empresas candidatas a ingressar na carteira do ISE, indicador que mede o grau de comprometimento com a sustentabilidade e a governança corporativa das empresas mais negociadas. Hoje é composto por 43 ações de 34 companhias de 15 setores econômicos. Juntas, somam R$ 730 bilhões, um terço do valor de mercado de todas as empresas na Bolsa.
A novidade ganha força ao somar-se a outras duas iniciativas. A primeira é a criação do Índice de Carbono Eficiente, em parceria com o BNDE S. Esse indicador considera todas as fontes de emissão de gases nocivos de uma empresa: quanto menor a relação entre essas emissões e a sua receita, maior será a eficiência da companhia nesse quesito. A sua primeira carteira deverá ser lançada até o final deste ano.
A outra ação foi a adesão da Bolsa aos Princípios para o Investimento Responsável (PRI ), no mês passado. O PRI é uma proposta da ONU para os grandes investidores institucionais e demais agentes dos mercados de capitais e financeiro se comprometerem a optar por negócios sustentáveis na hora de direcionar seus recursos. “A sustentabilidade tornou-se um assunto imprescindível em todas as agendas corporativas e isso inclui a própria BM &FBovespa”, afirma Edemir Pinto, diretor-presidente da instituição. Segundo ele, até o final do ano, a entidade terá incorporado o conceito de “bolsa sustentável”.