Construções podem ser uma das intervenções antrópicas mais prejudiciais ao meio ambiente. Para quem não acredita que seja possível integrar esses dois elementos de forma harmônica, o arquiteto japonês Mitsuru Senda apresenta o “design ambiental”, conceito exposto em sua palestra “Em busca de uma arquitetura sustentável para o planeta”, realizada em março na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP, a convite da Fundação do Japão.
Ele explica que esse conceito abarca quatro elementos principais: a relação entre a obra e o contexto local, a integração entre os elementos espaciais, a participação de profissionais de diversas áreas de conhecimento e dos próprios cidadãos na criação e, por fim, a sustentabilidade.
A concepção de uma arquitetura sustentável já é desenvolvida por Senda desde 1968, quando fundou o Instituto de Design Ambiental (www.ms-edi.co.jp) em Tóquio. A partir daí, seus projetos se tornaram famosos em todo o mundo, por serem referência dessa nova forma de conceber projetos urbanos.
O complexo aquático Kyoto Aquarena, concluído em 2002, é um exemplo do seu trabalho. A estrutura é coberta por 3 mil metros quadrados de painéis que absorvem a energia do sol para a geração de eletricidade e o aquecimento das águas de todas as piscinas do empreendimento.
Como o Japão é suscetível à ocorrência de terremotos, o complexo tem um sistema antissísmico de molas e borrachas que absorvem o peso do teto. “Hoje, um dos maiores desafios das cidades são os problemas ambientais. O meu objetivo é contribuir com a minha arquitetura”, diz. O arquiteto também destaca a importância de o seu ofício ser um instrumento de transmissão da história e da cultura local para as futuras gerações. Em muitas das suas obras de estilo contemporâneo, ele emprega conceitos milenares da arquitetura japonesa, como as divisórias de papel duplo e o piso elevado das casas.