Difícil crer que no século XXI ainda se trafica gente e que esta seja a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. Crime transnacional administrado por sofisticadas e complexas organizações, movimenta por ano mais de US$ 30 bilhões. Os dados foram apresentados pelo Escritório sobre Crimes e Drogas das Nações Unidas (Unodc) no seminário regional de Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual, no final de março, em São Paulo.
Estima-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo sejam vítimas desse crime. As mulheres aliciadas para fins de exploração sexual representam 80% dos casos. “O tráfico de seres humanos é a expressão contemporânea da escravidão. Não se pode aceitar que, ainda hoje, uma mulher seja presa e obrigada a se prostituir para gerar lucros”, afirma Bo Mathiasen, representante da Unodc no País.
Nas rotas do tráfico, o Brasil é origem e destino das vítimas, e tem acordos de cooperação para enfrentamento do problema com Bélgica, Portugal e Suécia.
Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos, entre 2001 e 2008, a Justiça brasileira condenou 211 pessoas envolvidas na atividade. Além da punição e medidas de prevenção, o chefe da Secretaria Nacional de Justiça do Brasil, Romeu Tuma Júnior, destaca a importância do combate à lavagem de dinheiro, já que esse é o capital que financia o tráfico. “É preciso cortar o fluxo financeiro das organizações criminosas, porque, se a quadrilha não tiver recursos, ela não paga nem a primeira passagem da vítima”, diz.