Sustentabilidade para crianças e adolescentes
Será que para chamar a atenção das crianças e adolescentes é preciso “forçar na tecnologia”? Talvez seja, mas o mais legal de A Casa Verde, filme de Paulo Nascimento, é que a iniciativa vem de cada um dos personagens, seja o escritor, o vilão, a heroína, seja o cientista maluco. Não tem quem dá as cartas de forma isolada e soberana nessa ficção voltada para crianças e adolescentes com temática sustentável (reciclagem e destino do lixo).
O longametragem é história dentro de outra história. Um desenhista tem prazo para entregar sua narrativa em quadrinhos e está sem inspiração, então os personagens resolvem andar por conta própria. O professor inventa um reciclador de lixo que muda a vida de uma cidade. Enfurecido, o malvado Jordão, que cobra pela coleta de lixo da região, percebe que seu negócio está ameaçado com a diminuição do lixo e decide sequestrar o professor. Os personagens, observando que a história estava sem herói, criam a heroína chamada “Eu” (esse nome é muito bom, apesar de a heroína surgir do mundo virtual). Na esperança de concluir a trama, o desenhista concorda com a intervenção dos seus personagens. A partir de 30 de abril nos cinemas.
Guerra e Paz no Brasil
O precioso presente que o governo brasileiro deu à ONU quando da inauguração de sua sede em Nova York, na década de 50, está voltando para casa. Os dois painéis gigantes que retratam Guerra e Paz, a maior obra do pintor Candido Portinari, virão provisoriamente para o Rio de Janeiro, onde serão restaurados em ateliê aberto ao público e seguirão em mostras itinerantes pelo País.
“O local onde Guerra e Paz ficava na ONU era restrito a funcionários ou delegados, é uma obra que está invisível há 52 anos. Sempre quis retirá-los de lá para mostrar ao público brasileiro e europeu”, diz o filho do pintor, João Candido Portinari, responsável pelo projeto Portinari. A obra passará por Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Paris.
João luta agora para conseguir o patrocínio da desmontagem dos painéis em Nova York (cada um tem 14 peças de 2 metros por 5 metros) e transporte até o Brasil. Como a vinda é fruto de acordo diplomático, o apoio financeiro precisa vir das estatais.
O mundo a partir da Segunda Guerra
O road movie histórico de Silvio Tendler reconstrói o mundo a partir da Segunda Guerra Mundial. Utopia e Barbárie chega aos cinemas no dia 23 de abril e levou 20 anos para ser concluído. O filme faz uma revisão nos eventos políticos e econômicos que, desde a metade do século XX, elevaram ao risco e até ao desaparecimento os sonhos de igualdade, justiça e harmonia.
Tendler percorreu ao todo 15 países: França, Itália, Espanha, Canadá, EUA , Cuba, Vietnã, Israel, Palestina, Argentina, Chile, México, Uruguai, Venezuela e Brasil. Em cada um desses lugares, documentou os protagonistas e testemunhas da história, apresentando-os de forma apartidária, mas sem deixar de trazer um pouco do olhar do cineasta, que completou 60 anos em 12 de março de 2010. O cineasta foi à procura dos sonhos que balizaram o século XX e inauguraram o século XXI.
De Kuarup a Villas Boas
A cerimônia de homenagem aos mortos indígenas ilustres – o Kuarup – feita pelas tribos do Xingu especialmente para o sertanista Orlando Villas Boas foi fotografada por Renato Soares em 2003. Estes emocionantes momentos de despedida e festa podem ser vistos na exposição Kuarup – A Última Viagem de Orlando Villas Boas, em cartaz na Caixa Cultural São Paulo.
A importância de Orlando e seus irmãos na implantação de políticas de proteção à saúde e à cultura dos indígenas é inegável. Tal luta representou uma verdadeira ruptura intelectual e política, e, acima de tudo, o reconhecimento das comunidades envolvidas. O Kuarup feito em homenagem a Orlando foi a maior honraria que um caraíba (homem branco) poderia receber. Mais de 2 mil índios vindos de diversas regiões se concentraram na aldeia Yawalapiti para celebrar a partida do sertanista. A mostra segue para Brasília, Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte.