Na segunda-feira 12 de abril a Carta Capital lançou um suplemento verde em um evento no Tuca, teatro da Puc. O evento trouxe grandes nomes da sustentabilidade, como Marina Silva, senadora e pré-candidata à presidência, Luiz Gonzaga Beluzzo, economista, Ladislau Dowbor, também economista, Tasso Azevedo, do Ministério do Meio Ambiente, Guto Quintella da Vale e Linda Murasawa, do Santander, empresas que patrocinaram o evento.
Marina Silva discursou cerca de uma hora. Falou bastante sobre o desafio que o Brasil enfrenta na transição para uma economia de baixo carbono. Fez um breve histórico acerca do problema das mudanças climáticas, causadas pelo aumento da emissões globais de gases de efeito estufa. Lembrou das responsabilidades dos países desenvolvidos e em desenvolvimento na resolução desta questão. Como consta no Protocolo de Quioto, lembrou que há “responsabilidades comuns porém diferenciadas”.
A senadora insistiu na necessidade de haver um diálogo, que por sua vez deve ser entre empresários, sociedade civil e governo. O Brasil deve aproveitar as oportunidades nesta questão, que são muitas, principalmente na geração de energia, com largas vantagens comparativas, e se atentar aos riscos. Uma frase que proferiu e vale ser repetida é que o Brasil tem “responsabilidade política e dever ético de atuar”. Deve também proporcionar um “constrangimento” ético, criando uma estrutura de regulação.
É importante ressaltar que está havendo aqui e no mundo uma mudança no modelo de desenvolvimento, onde posso opinar que é uma mudança para melhor. Para isso precisa criar os incentivos corretos, sejam eles econômicos ou não. Parodiando uma psicanalista argentina, disse ainda que deve haver uma “desadaptação criativa”, indicando para uma sociedade com novos paradigmas, com um novo modo de consumir e de produzir.
“No começo, a mudança é apenas um desvio” também aponta para este caminho de ruptura, onde aos poucos estes desvios começam a ser o padrão. Por fim, diz ainda que deve-se ter uma “visão antecipatória de mundo e país”, onde a visão de sustentabilidade tende a ser uma realidade no futuro. Conceitos como felicidade, bem-estar e riqueza devem ser repensados.
Após ela, falaram os empresários da Vale e do Santander. Linda Murasawa atentou para o papel das empresas perante os desafios do aquecimento global, dizendo que estas devem ter um papel proativo. Citou o programa Empresas Pelo Clima do GVces, no qual ambas empresas fazem parte.
Ladislau fez breve discurso, mas falou muito bem. Falou sobre os dez mandamentos que descreveu para este novo mundo. Por fim, Tasso atentou para o fato de que a Conferência de Copenhague não ter sido um fracasso como a mídia insiste. Esta faz parte de um processo no qual o mundo está passando, e que em breve virá um acordo internacional, que será traçado com base no que já está em andamento, e há muito sendo trilhado pela sociedade civil, governos e empresas. Também lembrou do papel fundamental da adaptação ao novo cenário, que ao lado da mitigação se faz necessária.
Após esta densa manhã de muito conteúdo saí bastante contente. Há muito sendo feito no Brasil em termos de combate ao aquecimento global. Políticas estaduais e municipais estão se proliferando, organizações da sociedade civil mobilizam cada vez mais pessoas e o mundo empresarial vem tomando consciência da seriedade deste tema e atuando nas diversas frentes.
Parodiando o glorioso professor Ignacy Sachs, estamos em meio a uma terceira grande revolução. A primeira foi a Revolução do Neolítico, quando o homem se sedentarizou. Depois veio a Revolução Industrial, onde os meios de produção sofreram enorme expansão. Estamos em meio a quebra de paradigmas e a criação de uma nova sociedade. Estamos mudando nosso modo de consumir. O consumo de uma sociedade reflete diretamente nela. Por que precisamos comer cerejas chilenas em meio ao inverno francês? Um novo modo de consumir, mais racional está por vir. Assim também está havendo uma mudança nos meios de produção, que aos poucos vão tornando-se mais verdes.
Não estou aqui para defender nenhuma ideologia política. Não estou aqui para fazer campanha para partido nenhum. Quero apenas expressar minha felicidade ao poder constatar que a sociedade está caminhando lentamente para uma sociedade melhor, mais verde e mais justa… Tomara que eu esteja certo!
Dany Simon, idealista