18/04/2010
Expedição pelo rio. No roteiro, subir o Xingu a partir de Altamira para vivenciar um pouco do rio. Mas nem tudo são flores … e árvores … e sensações agradáveis. A primeira parada do caminho foi exatamente no local onde a barragem sobre o Xingu será erguida caso a usina seja construída.
Imaginar quase cinco quilômetros de um paredão atravessando o rio de uma margem à outra e ainda uma ilha no meio do curso d’água é algo assustador.
Certamente faz pensar que um empreendimento desse porte deve ter uma importância indiscutível e uma realização muito cuidadosa. Não só pelo impacto na paisagem, mas no fluxo de peixes, no principal meio de trocas, alimentação, intercâmbios, entretenimento, memórias e futuro de dezenas de comunidades e milhares de pessoas.
Para se ter uma ideia, grande parte das pessoas barragem acima ficaria isolada daquelas que habitam a barragem abaixo, já que pelo desenho atual, o empreendimento não apresenta canais de passagem para barcos. Essa foi uma dos questionamentos dos índios Arara que visitamos. Ao longo dos dias em Altamira, também ouvimos perguntas não respondidas como: “para onde irá toda terra e pedras que serão removidas?”; “quais são as evidências de que a Volta Grande não secará?”; “quais as evidências de que a multiplicação de peixes não será afetada e que essa fonte de alimento para as populações locais não ficará seriamente prejudicada?” … para citar alguma poucas dentre tantas outras.
Ricardo Barretto