Histórias e ideias de quem lê Página 22
Para atuar na área de sustentabilidade, Tiago, o que é preciso?
– Humildade, humildade, humildade.
Tiago Carvalho de Morais tem 29 anos e é coordenador socioambiental da Plantar. Trabalha com as comunidades onde a empresa planta eucalipto para virar o carvão vegetal das siderúrgicas. Seu ganhapão e desafi o diário é o relacionamento com os pequenos produtores, comunidades tradicionais e viventes do Cerrado mineiro cantado por Guimarães Rosa no seu Grande Sertão: Veredas.
Engenheiro agrônomo formado em Viçosa (MG), começou a carreira trabalhando em projetos relacionados à agricultura familiar orgânica, passando pela área de segurança do trabalho e chegou à coordenação socioambiental da Plantar, que, segundo ele, acaba reunindo as atividades anteriores somadas a outras empreitadas.
“Quando chegamos a uma comunidade ou mesmo na casa de um vizinho nosso, o principal é respeitar. Não chegamos com discurso pronto, primeiro vamos para escutar”, afi rma. A Plantar conta com o trabalho de ONGs da região, como o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, que realiza trabalhos voltados para a educação, geração de renda, o fortalecimento e resgate da cultura local.
Paralelamente também são feitos monitoramentos de fauna, flora e recuperação de áreas degradadas.
– E como têm andado esses projetos, Tiago?
– Tem muita coisa pra ser feita, mas já temos resultados interessantes. Um exemplo são as cooperativas de apicultores que comercializam o excedente na região. Outro grupo que vem crescendo é o que trabalha com plantas medicinais. E tem também as mulheres, que estão fabricando sabão usando o abacate.
Tiago acredita que iniciativas como essas são as alternativas para evitar mais êxodo rural e inchaço das cidades. “O que a gente pensa ser verdade com os estudos, com a ciência, pode não ser real para quem tem a vivência. Esse convívio harmônico de todos é nossa busca.”
A Plantar foi questionada sobre o seu projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), quando organizações sociais alegaram que esse projeto apresentava irregularidades. Procurada por PÁGINA22, a empresa informou que todos os plantios do projeto são certificados pelo Forest Stewardship Council (FSC) e que este foi reconhecido como “o melhor projeto de MDL implementado no Brasil”, em prêmio concedido pela revista Meio Ambiente Industrial, em parceria com os ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente.