O Programa Brasileiro GHG Protocol acabou de divulgar os resultados do registro público de emissões de gases de efeito estufa no Brasil. É a primeira vez que se reúnem os inventários de grandes empresas brasileiras a fim de se verificar em quais setores suas emissões são mais intensas. Participaram do registro 35 companhias de grande porte, que juntas são responsáveis por emitir cerca de 89 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e), unidade de medida que reúne CO2 e outros gases que provocam o aquecimento do planeta.
A título de comparação, esse valor corresponderia ao volume de emissões de um carro 1.0, com motor a gasolina, que percorresse 16 mil voltas ao redor da Terra. Isso equivaleria a uma reserva de carbono de 356 milhões de árvores da Amazônia ou 200 mil hectares de floresta, área do tamanho de Piracicaba (SP).
As empresas do segmento de transformação encabeçaram a lista, com cerca de 89% do total de emissões do registro. Em segundo, com 10%, ficou o setor de mineração. As áreas de energia, saneamento, agricultura, finanças e serviços públicos responderam com 1%. Dentre as organizações analisadas, estão Petrobrás, Vale, Editora Abril, Banco do Brasil e CESP .
Se comparadas ao Inventário Nacional Preliminar, divulgado no último mês de novembro pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o volume de 89 milhões representaria cerca de 4% do valor nacional emitido pelo Brasil em 2005. Sem a agricultura e outras atividades de uso de terras e florestas, a proporção chegaria a 20%.
Segundo a coordenação do programa, a elaboração dos inventários e sua reunião a fim de se comparar as emissões nos diversos setores representa mais uma etapa do esforço brasileiro em direção a uma economia de baixo carbono. Os dados do registro contribuirão para orientar a Política Nacional de Clima e a avaliar o compromisso firmado pelo País na Convenção do Clima da ONU.
“De olho na redução de seus impactos climáticos, as empresas que tomaram essa iniciativa voluntária estão na perspectiva dos futuros marcos regulatórios que orientarão as ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, revela Roberto Strumpf, coordenador do Programa Brasileiro GHG Protocol.
A versão brasileira do programa é uma iniciativa do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces). Os dados foram disponibilizados para o público e podem ser consultados aqui.