Dos que não foram vistos
No segundo semestre deste ano, as salas de cinema das principais capitais recebem o terceiro filme da tetralogia dos excluídos de Evaldo Mocarzel. À Margem do Lixo trata da vida dos catadores de lixo em São Paulo e da relação desse trabalho-sobrevivência com a indústria da reciclagem.
O documentário mostra como o País é um dos líderes na reciclagem de alumínio, não por uma questão ambiental, mas pela existência dessa classe que não encontra outra saída diante do desemprego. Aponta a crescente organização dos catadores em cooperativas para melhorar as condições de trabalho e de venda do material recolhido nas ruas e a curiosa “ascensão” do tema “lixo”.
Assunto evitado por todos há bem pouco tempo, a reciclagem tornou-se um negócio para as empresas e até passou a ser fonte de recursos extras para a classe média brasileira. Um dos catadores ouvidos no filme diz que hoje é abordado por “playboys” que querem vender plástico, papelão ou latinhas. Mocarzel filmou primeiro À Margem da Imagem, sobre os moradores de rua de São Paulo. Em seguida, aprofundou-se na experiência dos sem-teto e movimentos de ocupação dos prédios, o que resultou no documentário À Margem do Concreto.
Este é o terceiro filme da série, que deverá ser encerrada com um À Margem do Consumo, ainda em fase de projeto. Mocarzel é fluminense nascido em Niterói, mas escolheu São Paulo para viver (e como cenário dos seus tocantes retratos cinematográficos).
Os viajantes e nós
A exposição François Auguste Biard: o indígena e o olhar romântico, em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo, traz obras de artistas viajantes sobre os povos nativos das Américas e a paisagens do século XIX. Pinturas, aquarelas e desenhos feitos entre 1820 e 1860 mostram indígenas nas florestas, seus hábitos e cotidiano, bem como a chegada dos colonizadores.
A visão, como diz o nome da exposição, é romântica, sem os embates e o domínio pela força. O interessante é que nos permite, de alguma maneira, ver numa sala de galeria, 500 anos depois, o olhar do colonizador europeu sobre a cultura já existente por aqui. A Pinacoteca fica na Praça da Luz, em São Paulo, e a exposição vai até 30 de agosto, das 10 às 18 horas (fecha às segundas-feiras).
Chuvisco de palavras
De como um copo de requeijão é símbolo do fim de um relacionamento, do gosto pelos cemitérios, importância suprema da empada e das separações que não dão certo. O escritor Humberto Werneck fala de desimportâncias ou inutensílios essenciais de nossas vidas. O Espalhador de Passarinhos – e outras crônicas (Edições Dubolsinho) recupera a importância das palavras, das frases e pequenas histórias do cotidiano. Um fazer notável nos tempos de 140 caracteres.
Mas o melhor mesmo é que Werneck é da cepa de cronistas influenciados por Murilo Rubião, Otto Lara Resende, Rubem Braga e outros costureiros de palavras que andam em falta na mídia em geral. Fã da memória, do dicionário e da observação dos detalhes, Humberto nasceu em Belo Horizonte e mora em São Paulo desde o começo dos anos 70. Trabalhou como jornalista em diversos veículos e, em 2008, foi convidado para escrever crônicas para o jornal Metro. Desde o ano passado, suas crônicas estão também no caderno Outlook, do jornal Brasil Econômico. Os textos reunidos nesse novo livro são uma pequena seleção feita pelo próprio autor.
Jazz Para Todos
Popularizar no Brasil um gênero que surgiu como forma de expressão popular no Sul dos Estados Unidos. É a tarefa do Festival Internacional I Love Jazz, em sua segunda edição este ano. Os concertos trazem o ritmo tradicional da primeira metade do século passado – décadas de 1920 e 1930 –, em atrações internacionais e nacionais. São noites seguidas de shows em cada uma das capitais: Brasília (2 a 4 de agosto), São Paulo (3 a 5 de agosto), Rio de Janeiro (6 a 8 de agosto) e Belo Horizonte (30 de julho a 1º de agosto). Nesta última, os shows são gratuitos, em praça pública. Mais informações aqui.[:en]Dos que não foram vistos
No segundo semestre deste ano, as salas de cinema das principais capitais recebem o terceiro filme da tetralogia dos excluídos de Evaldo Mocarzel. À Margem do Lixo trata da vida dos catadores de lixo em São Paulo e da relação desse trabalho-sobrevivência com a indústria da reciclagem.
O documentário mostra como o País é um dos líderes na reciclagem de alumínio, não por uma questão ambiental, mas pela existência dessa classe que não encontra outra saída diante do desemprego. Aponta a crescente organização dos catadores em cooperativas para melhorar as condições de trabalho e de venda do material recolhido nas ruas e a curiosa “ascensão” do tema “lixo”.
Assunto evitado por todos há bem pouco tempo, a reciclagem tornou-se um negócio para as empresas e até passou a ser fonte de recursos extras para a classe média brasileira. Um dos catadores ouvidos no filme diz que hoje é abordado por “playboys” que querem vender plástico, papelão ou latinhas. Mocarzel filmou primeiro À Margem da Imagem, sobre os moradores de rua de São Paulo. Em seguida, aprofundou-se na experiência dos sem-teto e movimentos de ocupação dos prédios, o que resultou no documentário À Margem do Concreto.
Este é o terceiro filme da série, que deverá ser encerrada com um À Margem do Consumo, ainda em fase de projeto. Mocarzel é fluminense nascido em Niterói, mas escolheu São Paulo para viver (e como cenário dos seus tocantes retratos cinematográficos).
Os viajantes e nós
A exposição François Auguste Biard: o indígena e o olhar romântico, em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo, traz obras de artistas viajantes sobre os povos nativos das Américas e a paisagens do século XIX. Pinturas, aquarelas e desenhos feitos entre 1820 e 1860 mostram indígenas nas florestas, seus hábitos e cotidiano, bem como a chegada dos colonizadores.
A visão, como diz o nome da exposição, é romântica, sem os embates e o domínio pela força. O interessante é que nos permite, de alguma maneira, ver numa sala de galeria, 500 anos depois, o olhar do colonizador europeu sobre a cultura já existente por aqui. A Pinacoteca fica na Praça da Luz, em São Paulo, e a exposição vai até 30 de agosto, das 10 às 18 horas (fecha às segundas-feiras).
Chuvisco de palavras
De como um copo de requeijão é símbolo do fim de um relacionamento, do gosto pelos cemitérios, importância suprema da empada e das separações que não dão certo. O escritor Humberto Werneck fala de desimportâncias ou inutensílios essenciais de nossas vidas. O Espalhador de Passarinhos – e outras crônicas (Edições Dubolsinho) recupera a importância das palavras, das frases e pequenas histórias do cotidiano. Um fazer notável nos tempos de 140 caracteres.
Mas o melhor mesmo é que Werneck é da cepa de cronistas influenciados por Murilo Rubião, Otto Lara Resende, Rubem Braga e outros costureiros de palavras que andam em falta na mídia em geral. Fã da memória, do dicionário e da observação dos detalhes, Humberto nasceu em Belo Horizonte e mora em São Paulo desde o começo dos anos 70. Trabalhou como jornalista em diversos veículos e, em 2008, foi convidado para escrever crônicas para o jornal Metro. Desde o ano passado, suas crônicas estão também no caderno Outlook, do jornal Brasil Econômico. Os textos reunidos nesse novo livro são uma pequena seleção feita pelo próprio autor.
Jazz Para Todos
Popularizar no Brasil um gênero que surgiu como forma de expressão popular no Sul dos Estados Unidos. É a tarefa do Festival Internacional I Love Jazz, em sua segunda edição este ano. Os concertos trazem o ritmo tradicional da primeira metade do século passado – décadas de 1920 e 1930 –, em atrações internacionais e nacionais. São noites seguidas de shows em cada uma das capitais: Brasília (2 a 4 de agosto), São Paulo (3 a 5 de agosto), Rio de Janeiro (6 a 8 de agosto) e Belo Horizonte (30 de julho a 1º de agosto). Nesta última, os shows são gratuitos, em praça pública. Mais informações aqui.