O fim do mundo está próspero
A banda paulistana ½ Dúzia de 3 ou 4 está compondo a trilha sonora (oficial) do fim do mundo. Não que os integrantes acreditem na profecia de 2012, mas, por via das dúvidas, os músicos querem cantar essa história de fim dos tempos. A estratégia para aproveitar o som tranquilamente foi lançar uma música nova a cada dois meses em seu site até a data fatídica. A primeira música, chamada “Classificados”, entrou no ar no dia 1º de abril, com participação especial de Tom Zé. “A letra promete a venda de um planeta usado, sem as calotas e com o teto cheio de buracos – o nosso Planeta Terra, que ficará inabitável se as coisas continuarem como estão”, diz a banda, que, na verdade, é composta de sete integrantes. Em junho veio “Esquecimento Global”, com crianças no coro. A mais recente é “De novo, Christina?”, com participação de André Abujamra. Os temas são variados, mas intimamente ligados ao término da vida no planeta da forma conhecida até então. As letras falam especialmente de aspectos que levam a crer que o ser humano é muito bobo e pretensioso, ou seja, é humor a toda prova.
Terra Deu, Terra Come
O cinema brasileiro vive em condições muito piores que os filmes das grandes distribuidoras norte-americanas, com menos salas de exibição e tempo em cartaz. Dito isso, esta Página Cultural dispõe-se a “anunciar” a chegada dos bons filmes brasileiros nas salas comerciais – mesmo que por pouco tempo –, pois a plateia é fundamental para a permanência na grade da programação. Terra Deu, Terra Come ganhou o prêmio de melhor documentário brasileiro no festival “É Tudo Verdade 2010”. Saiu colecionando elogios dos papas do documentário, como Eduardo Coutinho e João Moreira Salles. O personagem principal, Pedro de Alexina, 81 anos, comanda como mestre de cerimônias o funeral de João Batista, morto aos 120, e enreda o diretor Rodrigo Siqueira para um misto de documentário, ficção e lembranças que tecem uma história fantástica de um canto metafísico do sertão mineiro – o quilombo Quartel do Indaiá, região de Diamantina. O documentarista embrenhou-se pelo sertão e também pela literatura de Guimarães Rosa para compor o filme. Em cartaz nas principais capitais neste setembro.
Thomaz Farkas em foco
O Museu de Arte Moderna da Bahia apresenta a mostra “Thomaz Farkas – O Tempo Dissolvido”. São 119 imagens, muitas delas inéditas, desse fotógrafo húngaro radicado no Brasil na década de 1930. A exposição tem curadoria de Diógenes Moura e fica em cartaz até o dia 3 de outubro. Entre os destaques, uma série de fotografias coloridas produzidas em Salvador, nos anos 1970, em lugares como Mercado Modelo, Avenida Sete de Setembro e bairro dos Alagados. Documentos, cartas, recibos e fotografias pessoais compõem o Núcleo do Afeto. Como uma linha do tempo, para uma melhor compreensão da trajetória do fotógrafo e cineasta, bem como o valor de sua obra. A faceta cineasta de Thomaz Farkas é mostrada por meio de curtas e também dos filmes por ele produzidos para a Caravana Farkas, projeto criado em 1964 a fim de documentar o País.
O espaço nas entrelinhas
Aclamado pela crítica internacional, o artista norte-americano Fred Sandback compôs, por quase 40 anos, esculturas utilizando sempre os mesmos materiais: corda elástica e fio acrílico de lã colorida. A obra pode ser vista pela primeira vez no Brasil no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro e de São Paulo até 24 de outubro, com entrada franca. O Espaço nas Entrelinhas tem curadoria de Lilian Tone, do Departamento de Pintura e Escultura do MoMA, e traça um panorama da obra de Fred Sandback (1943-2003) desde 1968, quando ele estudava escultura na Yale School of Art and Architecture, em New Haven, Connecticut. Considerado um dos maiores artistas plásticos contemporâneos, Sandback sugere situações espaciais particulares (e o envolvimento do público com estes “novos espaços”) a partir do simples ato de esticar um fio de um ponto a outro em uma sala.