Uma coalizão de 15 nações europeias firmou, em 24 de setembro, um acordo inédito de conservação marinha com potencial para inspirar outras regiões do planeta e atender em cheio algumas das metas da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Pela primeira vez, uma rede de áreas protegidas foi estabelecida por ação coordenada fora de águas territoriais. A Comissão OSPAR, formada por Inglaterra, Portugal, Noruega, entre outros, concordou em banir a pesca e possivelmente restringir a navegação em seis áreas do Atlântico Norte equivalentes a 285 mil quilômetros quadrados.
Com o declínio dos estoques pesqueiros e menos de 1% dos oceanos destinados à proteção integral, a conservação marinha assume contornos emergenciais. Mas a proteção à biodiversidade em alto-mar, onde não há bandeiras ou supervisão extensiva, é especialmente deficitária. Antes dessa iniciativa, apenas uma área internacional de cerca de 80 mil quilômetros quadrados na Antártida havia sido destinada à conservação, em 2009.
A ação europeia segue na direção dos “sistemas representativos de MPAs” (áreas marinhas protegidas, na sigla em inglês), um dos objetivos da CDB. A opção pela rede de unidades de conservação em mosaico, tal como os corredores ecológicos em terra, é mais eficiente que unidades isoladas, porque protege não apenas pontos de alimentação, reprodução ou berçário, mas também as rotas migratórias essenciais para diversas espécies (mais sobre os oceano em entrevista desta edição).