A biodiversidade parece ser a maior das vítimas das queimadas no País. Com exceção da Mata Atlântica e dos Pampas, nos outros biomas a maior concentração dos focos de calor ocorre não em áreas já degradadas, mas em vegetação remanescente, muito mais rica em espécies vegetais e animais. É o que revelou Lara Steil, chefe-substituta do PrevFogo – segmento do Ibama que monitora e controla incêndios no País –, em um seminário sobre queimadas realizado na USP.
De acordo com os últimos dados, na Amazônia Legal o número de focos de calor, que podem indicar a ocorrência de incêndios na região, cresceu 50% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2009.
Mas, segundo Lara, não se devem comparar extremos. Entre os fatores responsáveis por essa diferença está a ocorrência de mais chuva no ano passado, fazendo com que a base de comparação fosse baixa. Além disso, quanto mais precipitação, maior seria o crescimento de biomassa e, portanto, maior a quantidade de material passível de queima. Esses fatores, somados à chuva menos intensa deste ano, podem ter gerado o aumento nos focos de calor. “Mas isso não elimina o fato de que muitos dos incêndios são criminosos”, afirmou.
Para Lara, um dos principais problemas no controle das queimadas ainda é a ausência de um sistema que integre todas as informações de fiscalização dos estados. A queima controlada, por exemplo, que é permitida sob autorização no meio rural, não é contabilizada em nível nacional, pois muitos dos registros não são nem digitalizados.
“A maioria dos que fazem uso desse tipo de queima não pede autorização. Mas, mesmo quando alguns pedem, muitas das autorizações são emitidas só em papel, sendo praticamente impossível reunir os dados”, revelou.