Velha conhecida é a pendenga entre Estados Unidos e União Europeia na questão climática. A novela de muitos encontros termina com americanos rebeldes e europeus reticentes em aceitar qualquer acordo sem a participação dos EUA. O que não se esperava, porém é que algumas empresas europeias estivessem trabalhando em favor desse impasse: ao mesmo tempo em que pressionam a UE para não assinar qualquer decisão sem a adesão dos EUA, elas estão agindo na própria política americana para que nada lá saia do papel.
As revelações foram feitas pelo relatório “Think globally sabotage locally” (“Pensar global, sabotar local”), elaborado pela organização Climate Action Network Europe (Can Europe), e mostrou que há um esforço coordenado pelas companhias intensivas em carbono de financiar, na corrida ao Senado americano, ou candidatos céticos das mudanças climáticas ou aqueles que se contrapõem a projetos relacionados, como a Lei de Clima e o cap-and-trade.
Enquanto isso, a Business Europe, entidade que reúne alguns dos principais poluidores do continente, pressiona o Conselho de Meio Ambiente da própria União Europeia a fim de impedir o aumento para 30% da meta de redução das emissões. Segundo a organização, nada deve ser feito até que Estados Unidos resolvam ceder.
“A Business Europe está convencida de que, neste momento, ou seja, na ausência de um acordo internacional garantindo igualmente forte ação de outras economias, qualquer novo aumento unilateral da atual meta de reduções de 20% seria prematuro ou mesmo contraproducente.”
O relatório mostra que empresas como Basf, BP, Arcelor-Mittal e Bayer gastaram, em média, mais de US$ 107 mil para financiar céticos do senado americano em 2010. Para apoiar parlamentares contrários às leis relacionadas, elas desembolsaram ainda mais, cerca de US$ 240 mil, o que representou quase 80% de todas as despesas desses políticos na corrida pelo Senado.
Os dados foram fornecidos pela Open Secrets, organização que monitora as finanças dos parlamentares americanos e fiscaliza questões como transparência nos gastos e doações eleitorais.
“Trata-se essencialmente de uma sabotagem climática em escala global, porque a inação nos EUA é uma das principais razões do fracasso na aprovação de um acordo em Copenhague”, afirma o relatório.
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