Terminou, na madrugada do último sábado, mais uma conferência do clima, a COP-16, no paraíso terreno da cidade de Cancún. Talvez a sede deste ano fosse o próprio estímulo para que as delegações repensassem sobre os efeitos do aquecimento global e não repetissem o fracasso de Copenhague. Beleza sensibiliza, mas parece que lá a sedução da paisagem não foi tão caliente quanto chili mexicano. Veja algumas análises sobre a herança do encontro.
Em fins de negociação, o clima em Cancún esteve bastante instável, oscilando entre o pessimismo e o que chamaram de “otimismo qualificado”. Segundo o jornalista Sérgio Abranches, apesar de impasses como a continuidade do Protocolo de Kyoto, uma das conquistas foi a restauração da confiança perdida na COP-15. Ouça em podcast da rádio CBN.
Matéria da Reuters caracterizou o acordo como modesto. Segundo análise, após duas semanas de negociações o principal êxito de Cancún foi impedir o colapso das negociações sobre mudança do clima, promovendo o apoio a uma transição para uma economia de baixo carbono.
Claudio Angelo, da Folha de S.Paulo, definiu o texto do acordo como “aguado e pouco ambicioso”, tendo agradado pouco aos países. Para ele, os avanços na diplomacia e a aprovação do REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação) estiveram entre as principais conquistas. “Se você se pergunta se ela foi um sucesso ou um fracasso, a resposta é: depende”.
Confira também, em matéria da Folha, as principais medidas adotadas na conferência.
O britânico The Guardian afirmou que o acordo resgatou a credibilidade da ONU, mas ficou aquém em relação ao objetivo de salvar o planeta. Segundo o jornal, especialistas afirmaram que o encontro de Cancún só foi considerado um sucesso por conta das baixas expectativas que se anunciavam desde o seu início.
“Nenhuma das questões fundamentais políticas, legais e estruturais que devem ser resolvidas a fim de se estabelecer um regime climático global efetivo foram solucionadas”, destacou.