Até 2050, praticamente todos os recifes de corais do mundo estarão em perigo. É o que afirma um novo estudo liderado pelo World Resources Institute, em parceria com outras 25 instituições de pesquisa. Segundo o relatório, hoje três quartos desses ecossistemas já se encontram em risco, determinado principalmente pela pesca predatória, a poluição dos oceanos e as mudanças climáticas.
Os recifes do sudeste asiático devem ser os mais afetados. Cerca de 95% deles já estão no sinal vermelho, enquanto no Caribe o índice chega a 75%, incluindo todos os da região da Flórida, Haiti e Jamaica. Mesmo os recifes da Austrália, onde cerca de 85% são protegidos da pesca, poderão compor a área de perigo daqui a quatro décadas, caso não haja um controle efetivo sobre o aquecimento global.
Jane Lubchenco, da agência federal americana NOAA, afirmou que o cenário envolve uma torrente de ameaças locais e globais. “Não se enganem. Este é um momento crítico para os ecossistemas marinhos em geral, mas, especialmente, para os recifes de coral”.
No entanto, Lubchenco sinaliza que a situação não é irreversível. Segundo a pesquisadora, os corais são muito resistentes a condições adversas e podem manter um certo nível de resiliência caso as pressões sejam controladas a níveis mais baixos. Não significa, porém, que não se necessite de um verdadeiro “esforço hercúleo” a fim de conservá-los para as gerações futuras.
O estudo aponta a sobrepesca como a ameaça mais imediata à sobrevivência dos recifes. Nos oceanos Índico e Pacífico isso se torna ainda mais emergente devido às técnicas que os países da região empregam para realizar a pesca. Alguns chegam a utilizar dinamite e outros explosivos para capturar os peixes.
Outro problema é o aquecimento das águas dos oceanos, que pode causar o branqueamento dos corais. Nesse processo, as espécies que os cobrem vão à morte, deixando-os sem alimento e suas variadas cores. O relatório estima que metade dos recifes serão vítimas do fenômeno até 2030 – e cerca de 95% até 2050.
Mais sobre o fenômeno do branqueamento na reportagem “Pela cor dos corais”, da edição 46 de Página22.
A tudo isso pode ainda ser somado o processo de acidificação dos oceanos, causado pelo aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Águas mais ácidas prejudicam a formação e o crescimento das cadeias de corais, tornando-as extremamente frágeis. Se nada for feito, apenas 15% dos corais chegarão à metade deste século em águas favoráveis para seu desenvolvimento, reforça o estudo.