Imagine uma pipa, acoplada a uma turbina, que aproveita o seu movimento no ar para gerar eletricidade. Quanto mais denso for esse ar, mais força será aplicada às pás dessa turbina e mais energia será gerada. Considerando essa ideia, pesquisadores da Minesto, companhia de engenharia sueca, desenvolveram um sistema de pipas submarinas que geram eletricidade a partir do movimento das marés, capaz de fornecer cerca de 800 vezes mais energia do que o vento.
O projeto está sendo apoiado pelos governos britânico e irlandês, em parceria com a ONG Carbon Trust, e prevê inicialmente a construção de uma fazenda de pipas no litoral da Irlanda. A organização estima que, só no Reino Unido, elas poderão suprir mais de 1% de todo o consumo de eletricidade.
As pipas, presas ao fundo do mar, têm uma envergadura de 8 a 14 metros e são projetadas para realizar uma trajetória em “8”, capaz de aumentar em dez vezes a velocidade da água que atravessa a turbina. O mecanismo é similar ao que é feito com a disposição das velas de um barco, capaz de fazê-lo navegar com maior ou menor agilidade (veja vídeo ao lado).
A estrutura da pipa consegue manter sempre um nível de flutuabilidade, sem a possibilidade de se afundar durante as marés mais baixas. As turbinas foram projetadas para gerar energia, mesmo na situação em que o movimento das águas não for tão intenso. Essa é uma das principais vantagens em relação às atuais tecnologias de geração que trabalham com o movimento das marés. Na maioria dos casos, elas precisam de velocidades duas vezes maiores.
“O Reino Unido conta com algumas das melhores tecnologias de maré do mundo e que estão focadas em reduzir os custos dessa modalidade de energia. A energia das marés tem o potencial para produzir até 18 milhões de MW/hora de eletricidade, o equivalente a mais de 5% do consumo de todo o país”, afirmou Benj Sykes, diretor de inovações da Carbon Trust.
A Minesto afirma que todo o projeto foi desenhado para proteger os animais que transitarem na região das instalações, impedindo qualquer complicação decorrente do contato com a estrutura das pipas. Segundo Anders Jansson, diretor administrativo da Minesto, um dos maiores desafios atuais, no entanto, é a instalação dos dispositivos no fundo do mar, que deve ser feita em um curto período de tempo, aproveitando a baixa das marés. Os custos decorrentes dessa instalação representam grande parte do valor total do investimento.
“Estamos aprimorando as tecnologias para que elas adquiram uma viabilidade comercial cada vez maior, podendo competir com outras formas de geração de eletricidade e assim ganhar o mundo”, disse.
*Com informações do The Guardian.