A sombra, a água fresca e a imensa riqueza natural do sul baiano sofrem séria ameaça. Grupos de moradores locais e organizações socioambientais, lideradas pelo movimento Rede Sul da Bahia, estão se mobilizando para impedir a construção do complexo Porto Sul, em Ilhéus. A área, além de concentrar uma das mais ricas reservas de Mata Atlântica, reúne uma diversidade marinha com recifes de corais únicos no Atlântico Sul.
As obras do porto fazem parte do plano de desenvolvimento que o governo do estado elaborou para a região, assolada pela crise do cacau desde a década de 1990. O projeto ainda envolve a construção de uma ferrovia para escoar o minério de ferro explorado em Caetité, no Sudoeste da Bahia, estrutura orçada em cerca de R$ 6 bilhões, cobertos inteiramente pelo PAC. Já licitadas, as obras devem começar até setembro deste ano.
Segundo a Rede Sul, a carga da Bahia Mineração (Bamin), empresa do Cazaquistão que detém a concessão sobre Caetité, poderá representar até 85% do volume total movimentado pela ferrovia. A empresa, porém, não terá nenhuma participação no financiamento da obra.
Já o Porto Sul ainda aguarda a licença do Ibama, mas promete envolver, além dos terminais, a construção de uma grande estrutura para estocagem do minério trazido pela ferrovia. Outra área, hoje ocupada por Mata Atlântica, abrigaria um aeroporto e uma siderúrgica, além de indústrias atraídas pela atividade local.
“Trata-se de um plano de desenvolvimento que está sendo colocado como a redenção do Sul da Bahia. Não seria exagero falar em uma verdadeira Cubatão baiana”, compara o ambientalista e advogado Fabio Feldmann, integrante da Rede Sul.