A insurreição popular que derrubou o presidente egípcio Hosni Mubarak e se deflagra pela Líbia e outros países reforçou a importância das redes sociais para o ativismo no século XXI, mas desta vez soou alto o alarme quanto ao poder do governo sobre a internet. Enquanto os sinais de rádio e televisão – mídias “antigas” – continuaram distribuídos por estações e antenas, o tráfego da internet foi cortado pelo governo, com ajuda de poucas corporações, diz o teórico da mídia Douglas Rushkoff. “Se redes que funcionam debaixo-para-cima são tão dependentes das boas graças de autoridades que operam de-cima-para-baixo, quão de-baixo-para cima realmente são?”
Não só no Egito. Rushkoff lembra que bastou um telefonema do senador Joe Lieberman para tirar o site do Wikileaks do ar. É do mesmo Lieberman a autoria de projeto de lei que cria um escritório para políticas do ciberespaço no Executivo americano. Em 2010, a versão original do projeto foi acusada de conter mecanismo que permitiria ao presidente americano “desligar” a internet.
Como reação, Rushkoff propõe a criação de uma nova rede que “restaure o Comércio, a cultura e o governo peer-to-peer” – entre pares, sem intermediação de governo e corporações.
Para juntar os pares, fomentar ideias e incitar a ação, Rushkoff convocou uma cúpula, chamada Contact. “Do desenvolvimento de uma nova internet não hierárquica à implementação de moedas alternativas, passando por protótipos de democracia open source e experimentos em expressão cultural coletiva, Contact vai buscar iniciar os mecanismos que concretizem a promessa real da revolução em rede”, escreveu. A cúpula está prevista para 20 de outubro em Nova York. Mais aqui.