Cinema carioca de guerrilha
Ex-judoca, Cavi Borges abriu uma locadora de vídeo no Humaitá (RJ), em 1996, depois que uma lesão o impediu de participar das Olimpíadas de Atlanta. De lá pra cá, a Cavídeo cresceu, virou produtora, distribuidora – uma das melhores casas do ramo cinema independente brasileiro. Já foram produzidos 60 curtas e 10 longas-metragens no esquema “pouco dinheiro e muito jogo de cintura”. Tirando três curtas patrocinados pela Petrobras, o restante foi feito sem verba e na parceria com amigos. Cavi juntou-se a outros 19 diretores com afinidades na forma de fazer e distribuir filmes e conseguiu, por exemplo, mapear locadoras em todos os Estados e também os festivais de cinema.
Os filmes, simples, sinceros e políticos, estão sendo aplaudidos pela crítica brasileira e também internacional. A revista Variety dedicou duas páginas de crítica muito positiva ao longa Riscado, que conta a vida de uma atriz na batalha para viver do que gosta, fala da sorte e o que é preciso para os sonhos se concretizarem.
Em Copa Vidigal, a história do campeonato de futebol criado na Favela do Vidigal, em 1997, na tentativa de trazer a diversão de volta aos moradores, depois de um período de guerra entre traficantes.
Já o documentário Enchente, dirigido por dois moradores da Cidade de Deus, Julio Pecly e Paulo Silva, lembra de tragédias causadas pela chuva (leia-se incompetência do poder público) na cidade do Rio desde a década de 40 e mostra que esse problema ainda está muito longe de ser resolvido. Com o foco principal na enchente de 1996, os diretores acabam por contar a própria história, porque também perderam todos os seus bens e suas perspectivas. Foi quando resolveram se juntar e começar a fazer filmes. No fim do ano, Riscado estará nos cinemas. Já os outros, oxalá, em breve.
Imagens humanas
Rostos brasileiros de diversas regiões do Brasil compõem a exposição Imagens Humanas, do fotógrafo João Roberto Ripper, em cartaz na Caixa Cultural Curitiba. Ripper tem 35 anos de uma carreira que une a arte da imagem com a militância social. A exposição foi dividida em cinco módulos temáticos: “Amor”, “Alegria”, “Dor”, “Superação” e “Liberdade”. Um grande painel com pequenos retratos completa a mostra, instigando o público a ver bem de perto o povo brasileiro, sua individualidade, tal como o fotógrafo o observa. Grátis. Mais informações aqui.
A beleza de Haruo Ohara
Lavrador e fotógrafo, Haruo Ohara (1909-1999) nasceu no Japão e emigrou aos 17 anos para o Brasil com pais e irmãos. Cultivava o campo ao mesmo tempo em que registrava com sensibilidade imagens da natureza, da sua família e dos trabalhadores da região agrícola no Norte do Paraná.
Suas imagens são comemoradas em exposição de fotografias e no curta-metragem Haruo Ohara, de Rodrigo Grota, que anda circulando pelos festivais de cinema. O acervo com mais de 18 mil negativos de Ohara pertence ao Instituto Moreira Salles, que cedeu agora 150 fotografias do artista para uma exposição em cartaz na Caixa Cultural de Curitiba.
O legal é que naquele momento de urbanização crescente do Brasil, começo do século XX, fortes transformações e aceleração tecnológica, o artista conseguia captar o tempo real de maturação das flores, frutos e filhos, fortemente representados em sua obra fotográfica. O tempo real e necessário para a criação artística. Essa insistente sinalização para o verdadeiro ciclo da vida e da terra, com seus ritmos ancestrais, é o principal legado de Ohara.
Concurso fotográfico na Região Amazônica
A Articulação Regional Amazônica (ARA), em parceria com a Fundação Avina, promove um concurso fotográfico simultaneamente na Bolívia, Brasil, Venezuela, Equador e Peru. Tema: “Objetivos do Milênio na Amazônia”. Cada fotógrafo pode participar com três imagens. Inscrições até 3 de junho de 2011. As fotos vencedoras serão publicadas em um livro sobre os cumprimentos das metas naquela região. Acesse o regulamento aqui.