O reinado da fluorescente está ameaçado, mas a alternativa da LED também tem seus riscos
As lâmpadas fluorescentes compactas estão riscando do mapa os tradicionais bulbos incandescentes, que consomem mais energia – mas o seu reinado não será duradouro. Elas perdem rapidamente terreno para as lâmpadas LED, ainda mais econômicas. As lâmpadas LED costumam durar 50 mil horas – o dobro das fluorescentes compactas – e são duas vezes mais eficientes que estas (que, por sua vez, são de quatro a seis vezes mais eficientes que as incandescentes). Além disso, ao contrário das suas concorrentes, elas quase não esquentam com a utilização.
Claro, nem tudo são flores. As lâmpadas LED são 30 vezes mais caras que as incandescentes e custam umas oito vezes mais que as fluorescentes compactas. E ainda há controvérsias sobre a apregoada vantagem ambiental. Mas isso não parece assustar os consumidores.
Estudo feito no ano passado pela Pike Research, especializada em pesquisas de mercado sobre tecnologias limpas, estima que, até 2020, as LED dominarão 46% do mercado americano de iluminação comercial, industrial e viária, avaliado em US$ 4,4 bilhões. Outro relatório, publicado no fim de 2010 pela Groom Energy e a Greentech Media Research, aponta na mesma direção. Ele prevê que as vendas de lâmpadas LED para fins comerciais e industriais crescerão 30% este ano. O relatório atribui tal aumento ao barateamento das LED com mudanças no seu design, novos incentivos financeiros à eficiência energética implantados nos EUA, e um maior interesse dos proprietários de edifícios por tecnologias mais sustentáveis.
A indústria tem enviado sinalização semelhante. A Panasonic acaba de anunciar que vai dobrar a sua produção desse tipo de lâmpada nos próximos dois anos, diante da previsão – feita antes do terremoto – de que esse mercado aumentaria 64% no Japão até março do ano que vem. A Philips divulgou recentemente que estima que a tecnologia LED deverá deter metade do mercado doméstico nos EUA dentro de quatro anos.
A empresa acaba de conseguir o selo Energy Star, que indica baixo consumo de energia, para a sua lâmpada LED 12,5 watts, que ilumina tão bem quanto uma incandescente de 60 watts, embora gaste 80% menos energia e dure 25 vezes mais. É a primeira vez que a EPA, a agência ambiental americana, dá aval a uma lâmpada LED.
Até o símbolo maior do Brasil entrou nessa onda. O Cristo Redentor acaba de ganhar um sistema de iluminação composto por 300 projetores de LED, o que deverá reduzir em 80% a energia consumida na tarefa. Esse sistema tem também as vantagens de exigir menos manutenção e permitir a projeção de inúmeras cores.
Será que a substituição das fluorescentes compactas pelas lâmpadas LED é realmente uma boa notícia do ponto de vista ambiental? Há controvérsias. Por um lado as LED não empregam mercúrio, como as fluorescentes compactas, que têm cerca de 4 miligramas de mercúrio no seu interior. E o mercúrio é um dos metais pesados mais tóxicos que existem, podendo causar graves problemas neurológicos. No entanto, as lâmpadas LED empregam diversos outros metais bastante perigosos, que variam segundo a cor da luz emitida, conforme publicado em nota na edição 50 de Página22.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia mapearam a presença de cobre, chumbo, arsênio e níquel [1] – em alguns casos bem acima do permitido pela legislação. “As lâmpadas LED são apregoadas como sendo a nova geração em iluminação”, declarou Oladele Ogunseitan, coordenador desse estudo. “Mas, ao mesmo tempo que tentamos encontrar produtos melhores, que não acabem com os nossos recursos energéticos nem contribuam para o aquecimento global, temos de ficar atentos sobre os riscos de toxicidade das alternativas.”
[1] Segundo os pesquisadores californianos, esses metais estão associados a diferentes tipos de câncer, a problemas neurológicos, a doenças renais e à hipertensão, entre outros riscos.
*Jornalista especializada em meio ambiente.