A população humana sobre a Terra deve atingir 10,1 bilhões de pessoas até 2100, anunciou a Divisão de População da Organização das Nações Unidas no início de maio. A estimativa baseia-se em taxas de fertilidade e contraria versões anteriores de que a população se estabilizaria em torno de 9 bilhões de pessoas a partir da metade do século. Alguns dias depois, outro setor da ONU, o Programa para o Meio Ambiente (Pnuma), lançou um relatório alertando que o crescimento da população e da prosperidade pode triplicar o uso de recursos até 2050, tornando-o insustentável. Se até lá o crescimento econômico não se descolar do consumo de recursos, diz a ONU, “a humanidade pode devorar estimados 140 bilhões de toneladas de minerais, minérios, combustíveis fósseis e biomassa por ano”.
Os alertas estão todos dados, falta talvez ligar os pontos. O futurista americano Jamais Cascio fez as ligações e lembrou que a humanidade já enfrenta enormes desafios, como as mudanças climáticas e a sustentabilidade da produção de alimentos – além do superconsumo de recursos, como destaca a ONU. “Dada a escala dos desafios que enfrentamos neste século, se chegarmos a um planeta com 10 bilhões de pessoas em 2100, só pode ser porque fomos bem-sucedidos em gerir crises em cascata”, escreveu Cascio. “Dez bilhões em 2100 é um sinal positivo, não negativo.”