O plano de ação para frear a volatilidade nos preços agrícolas aprovado na reunião dos ministros da Agricultura do G20 ignorou recomendação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para que os subsídios à produção de biocombustíveis sejam eliminados.
Anunciado ao final do encontro, no dia 23 de junho em Paris, o plano será submetido aos líderes do G20, que se reunirão em Cannes, na França, em novembro. Por tomar parte das lavouras para a produção de biocombustíveis, subsídios e políticas que tornam compulsório o uso de etanol e biodiesel nos combustíveis têm sido apontados como um dos principais fatores da alta nos preços dos alimentos, que neste semestre alcançou patamar similar ao da crise deste setor em 2007 e 2008.
A recomendação contrária aos subsídios foi incluída no relatório Volatilidade dos Preços nos Mercados de Alimentos e Agrícolas: respostas das políticas, publicado no início de junho pela FAO, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e outras sete agências multilaterais sob encomenda do próprio G20.
Segundo o documento, uma opção eficiente para diminuir a volatilidade dos preços é remover políticas que geram conflito entre o uso de lavouras para biocombustíveis e para alimentos. Mas, reconhece o relatório, governos relutam em tomar essas medidas porque acreditam nos benefícios ambientais e energéticos de suas políticas de apoio ao etanol e ao biodiesel.
A serem mantidos os incentivos, em 2020 os biocombustíveis estarão consumindo cerca de 13% da produção global de grãos, 15% da de óleos vegetais e 30% da safra de cana-de-açúcar, de acordo com estimativa de outro relatório também publicado em junho, Perspectivas da agricultura OCDE-FAO 2011-2020.