A classe média vai à rua – “Manifestinha” ou o “novo esporte urbano”
Organizações sociais, partidos de esquerda, sindicatos, indígenas, peronistas, veteranos da Guerra das Malvinas, punks e cidadãos como eu e você se concentram a cada tarde do dia 24 de março na Praça de Maio, em Buenos Aires, em ato repetido desde 1983, para lembrar o início da última ditadura militar na Argentina, em 1976.
Não se trata de um simples panelaço, a que os vizinhos hermanos são bem chegados. Mas uma megamanifestação de protesto, resgate de memória, e además serve de aviso ruidoso do tipo “estamos de olho a tudo que se passa aqui”.
Nós, os vizinhos de cá, já fizemos bonito no passado – a Passeata dos Cem Mil, em 1968, na época da ditadura, as Diretas Já pelo voto direto para a Presidência da República nos anos 80 e, na década de 90, os caras-pintadas contra Fernando Collor de Mello. Mas nunca fomos exatamente um exemplo de “cara na rua”. A fama sempre foi mais de que o humor e a piada pronta substituem qualquer atitude de protesto da sociedade civil.
Qual não é a surpresa quando vemos a classe média fazer da Avenida Paulista – e de outras avenidas de capitais brasileiras – um palco para seus protestos mais específicos ou poéticos, como pedir liberdade de expressão ou mostrar a indignação contra a licença de instalação concedida para a Usina de Belo Monte, o mamaço pelo direito da mulher a amamentar em locais públicos, a passeata pela descriminalização da maconha e até mesmo uma simpática marcha das vadias com intenção de tirar a culpa da mulher nos casos de abusos sexuais.
E a Paulista tem bombado. A diferença das “manifestinhas” ou o “novo esporte urbano” em relação aos movimentos de décadas passadas é que tudo é tramado via Facebook e Twitter. E as pessoas parecem estar se divertindo – tirando aqueles episódios infelizes em que a polícia usa a força e perde a cabeça.
Umas das mais hilariantes, vale recapitular, foi o Churrascão da Gente Diferenciada, em Higienópolis, que reuniu milhares em protesto contra o recuo do governo do Estado em construir uma estação de metrô no bairro, mas principalmente em repúdio ao preconceito de alguns moradores com o público que frequenta as estações de metrô e adjacências, “os diferenciados”.
Se virou moda, se é passageiro ou duradouro, é esperar pra ver. O bacana é constatar que as pessoas começaram a se ligar de que têm seu poder de cidadão e estão antenadas para qualquer restrição ao livre-circular-e-pensar, seja nas redes cibernéticas, seja, principalmente, na rua, que é de todo mundo.
Arte urbana carioca em Sampa
O coletivo carioca Fleshbeckcrew apresenta na Spray Galeria a exposição Tudo de Novo, com 25 posters, fotos, telas, objetos e uma intervenção nas paredes da galeria.
Composto pelos artistas gráficos Bruno Bogossian (BR), Tomaz Viana (Toz), Rogério Fonseca (Krrank), Márcio Ribeiro (Piá), Marcio SWK e Leonardo Uzai (Nhôzi), o Fleshbeckcrew é o principal e mais conhecido coletivo de arte urbana da capital fluminense. Suas tipologias, paisagens e personagens são inconfundíveis, ícones da arte de rua carioca.
A Spray Galeria foi aberta este ano, ideia do artista Rui Amaral e do colecionador José de Souza Queiroz para ampliar a visibilidade da obra de artistas procedentes da arte urbana no Brasil. Grátis.
O Xingu dos Villas-Boas
Os 50 anos de criação do Parque Nacional do Xingu e uma baita homenagem aos irmãos Villas-Boas são tema da exposição Irmãos – O Xingu dos Villas-Boas, em cartaz no Sesc Pompeia, em São Paulo.
O visitante percorrerá quatro áreas expositivas ao entrar no universo passional, pragmático, intelectual e poético dos cinco aventureiros. “Os irmãos”, primeiro espaço expositivo, dedicado aos Villas-Boas e a Noel Nutels, simboliza a força e a união fraterna entre eles. “A aventura” mostra o aspecto desbravador, a coragem de enfrentar um território desconhecido, o cotidiano de acampamento e os desafios encontrados no meio do caminho. “O território” compõe as 16 etnias que ocupam o parque, que é representado de maneira lúdica e interativa. Cada etnia é retratada como uma estação em que características, crenças e costumes são revelados de diversas maneiras e em diferentes suportes, como o interior de uma canoa e o cockpit de um avião monomotor. “A política”, último espaço da exposição, aborda a política indigenista defendida pelos irmãos Villas-Boas.
Serviço: De 13 de julho abril a 07 de setembro. Área de Convivência do Sesc Pompeia. Grátis.